Incentivado pela história do “Patinho que não sabia nadar”, contada pela mãe, Mariano Luciano, 11 anos, estudante da quinta classe, chegou cedo ao parque infantil da cidade de Saurimo, carregando ao colo a sua irmã Cácia, de apenas um ano, ansioso por adquirir um livro, dos mais de três mil expostos.
Mariano fala sem complexos do livro “As duas amigas”, exposto no Jardim do Livro Infantil, promovido pela direcção provincial da Cultura. Destaca a figura da mãe que, uma vez ou outra, conta uma história, como a do “patinho” adoptado em segredo, mas descriminado pelos irmãos por alegadamente “ser muito feio”.
O incentivo às crianças pelo gosto à leitura valoriza a iniciativa do sector da Cultura da Lunda-Sul que, no passado sábado, foi realizada pela terceira vez. Um ambiente de festa envolveu centenas de crianças idas de várias escolas da cidade e da periferia, orientadas por guias cuja competência permitiu uma distribuição ordeira e efectiva da merenda e dos livros.
Visão dos adultos
O director provincial da Cultura, João Baptista Manassa, realçou que a iniciativa aumentou o acervo bibliográfico disponível na Biblioteca Escolar, ao dispor dos alunos. Os três mil exemplares expostos, escritos por autores angolanos, abarcam conteúdos pedagógicos de estímulo às crianças nos domínios da pintura, leitura, interpretação e escrita.
A chefe da biblioteca, Joaquina Rodrigues que no local integrava a equipa de distribuição de livros, reconhece que os incentivos do Ministério da Cultura diversificaram as opções das crianças através da criação de bibliotecas públicas, privadas e escolares.
Etelvina Engrácia, de 13 anos, aluna da sexta classe, deslocou-se ao Parque Infantil para levar um livro e variar as opções de leitura circunscrita à Bíblia. Ajudada por familiares, dissipou dúvidas sobre o pecado de Adão e Eva, além de consolidar bases sobre o baptismo.
A ânsia pela oferta de um livro justificou a adesão de crianças no recinto do Jardim do Livro Infantil. Em relação aos títulos mais solicitados, Etelvina e Elisabete preferiram “As duas amigas”, por ensinar normas de bom comportamento, como a obediência e o uso correcto das palavras.
Luís Manuel, guia de grupo, que lecciona na escola de Kawazanga II, disse que “esta primeira experiência vivida pelos nossos alunos, desperta curiosidade, alarga o horizonte de conhecimentos e mitiga a escassez de manuais”.