Uma passeata de apoio à candidatura do presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, deu a dimensão aproximada da estrutura organizativa que o MPLA tem na província do KuanzaNorte.
Mais do que mera organização estrutural, a campanha do partido no poder parece movimentar elevados fundos monetários para manter ensurdecedora a sua campanha pela província.
Eram visíveis centenas de viaturas e motorizadas em passeata pela cidade de Ndalatando, enquanto da oposição não se via qualquer sinal de acção política.
Segundo uma fonte de O PAÍS, as várias centenas de viaturas que integraram a coluna beneficiaram de um abastecimento grátis de combustível no depósito, acrescido de um bónus de 9 litros para levar à casa.
Apesar dos principais responsáveis do partido se encontrarem ausentes da província, foi notório o facto de o partido no poder nesta província ter estruturas funcionais e que podem organizar actividades políticas de massas.
UNITA MANIFESTA-SE OPTIMISTA
Apesar da saída do antigo secretário provincial do Kuanza-Norte, a actual direcção da UNITA pensa que esse facto não lesa a organização do partido local.
Para mais, considera que o seu abandono foi bom, porque “havia dúvidas sobre a sua actividade”, disse a O PAÍS a militante da LIMA, organização feminina deste partido.
Neste momento, todo o esforço está centrado no trabalho político permanente junto das bases, o que no seu entender reflecte o bom estado de saúde da UNITA naquela província.
“A saúde vai bem, porque estamos em todos os municípios”, garantiu.
A essência desse trabalho, segundo declarações do secretário interino, Escórcio Lucas, é divulgar o programa de governo adoptado pelo partido porta a porta.
As actuais dificuldades enfrentadas pelos antigos militares das FALA, têm sido vistas como um factor para contar com a sua participação no esforço da UNITA em vencer as eleições naquele círculo eleitoral, A UNITA, disse, adopta esta estratégia que reconhece morosa para passar a sua mensagem já que nos meios de comunicação social pública o partido no poder, MPLA, tem mais acesso.
“Também não podemos parar”, disse Lucas algo resignado. Segundo informações recolhidas de outros militantes, a UNITA enfrenta uma exasperante falta de transporte para se deslocar aos municípios da província, mas isto tem sido contornado.
“Nós chamámos os quadros e levam a mensagem aos municípios, porque quando há actividades políticas promovidas pela UNITA a juventude aparece em cheio”, disse a fonte.
Embora considere o ambiente político de calmo, o secretário interino da UNITA fez tenção de mencionar a instrumentalização das autoridades tradicionais revelando que recentemente na localidade do Luinga, o soba local arrancou e rasgou a bandeira do seu partido e maltratou o activista.
Mais, no município de Dange-aMenha foi o próprio administrador, segundo disse, “que se insurgiu contra os militantes da UNITA que desenvolviam uma actividade política”.
CONSTRANGIMENTOS…
É, de resto, um cenário que se repete um pouco por todo o país com os partidos na oposição, por razões óbvias, mas no Kuanza-Norte, a UNITA não tem rigorosamente condições para exercer uma actividade condigna.
Tal como a foto retrata, a sede deste partido está instalada nos arredores da cidade, num compartimento de adobe sem o mínimo de condições para se trabalhar com dignidade.
Segundo o responsável interino local, esta situação perdura há sete anos, quando foram retirados de umas instalações no centro da cidade, mas parece que a situação vai ser contornada. “Nos próximos tempos teremos outras instalações mesmo no centro da cidade, já temos garantias”, afirmou confiante o político.
OS NÚMEROS PARA VENCER O DESAFIO…
Por altura da reportagem de O PAÍS nesta província, e segundo decla rações de Escórcio Lucas, “a UNITA controlava 13 mil militantes até ao primeiro trimestre deste ano, mas estava confiante na subida deste número tendo em conta o que afirmou ser um profundo trabalho político juntos da população.
Um dos medidores apontados para justificar esta crença é o número de pessoas que acorrem às actividades políticas organizadas por esta partido em todas as áreas onde já o fizeram.
Segundo o político, a situação social da população é precária, falta empregos, a população vive em habitações péssimas, não há água e energia em condições aceitáveis.
Descortina na juventude a franja que mais acolhe a “mensagem da mudança”, porque a ela não são oferecidas, no entender da UNITA as oportunidades de crescimento e desenvolvimento do seu potencial.
“As crianças estão fora do sistema de ensino em muitos municípios, porque os professores abandonam os alunos para estudarem na cidade”, acrescentou o político, para quem a população do Kuanza-Norte “vive uma pobreza extrema”.
O BASTIÃO DO MPLA
O Kuanza-Norte, a par da província de Malanje, é das poucas províncias em que o MPLA conseguiu em duas eleições fazer eleger cinco deputados pelo círculo provincial. Em 1992 foram registados cerca de 140 mil eleitores, enquanto no ano de 2008 a CNE cadastrou pouco mais de 150 mil votantes.
Mas desta vez, as coisas representam outros desafios para o partido no poder, pois, segundo depoimentos de jovens contactados no local, a tendência será confirmada nas eleições que se avizinham.
As causas destas núvens estão geralmente relacionadas com o desemprego, a falta de oportunidades de estudo entre outras necessidades.
FONTE: O País