Centenas de quilómetros de estradas foram inauguradas na província do Kuando-Kubango. Assistiram ao acto autoridades governamentais, eclessiáticas, tradicionais e milhares de pessoas dos municípios do Cuchi, Mendongue e Caiundo.
Beijamim Dala é natural de Menongue. Fez parte das extintas FAPLA e com a conquista da paz, em 4 de Abril de 2002, arranjou emprego numa construtora angolana que tem obras em todo o país, com maior evidência no Kuando- Kubango.
Hoje, o antigo militar sente-se feliz por estar a fazer a sua parte na reconstrução do país. Ele foi um dos obreiros da construção da estrada nacional 140, entre Menongue e o rio Cuelei, numa extensão de 75 quilómetros.
Depois de ver a estrada inaugurada pelo ministro do Urbanismo e Construção, Fernando da Fonseca, acompanhado do governador provincial do Kuando- Kubango, Eusébio de Brito Teixeira, e técnicos do Instituto de Estradas de Angola, Beijamim Dala emocionou-se ao falar à reportagem do Jornal de Angola: “comecei a trabalhar na construção da estrada em 2008 e hoje sinto-me feliz por ver que foi aberta ao trânsito. É um grande orgulho que sinto. Estou a ajudar o meu país a crescer”, disse.
Dala e outros colegas recusaram-se a falar sobre o tempo da guerra. “Agora, o mais importante é falarmos do sossego, da paz e da reconciliação nacional. Temos uma vida boa, não queremos pensar mais nesses anos de sofrimento. Para nós agora só conta a paz”, disse Benjamim Dala.
Autoridades tradicionais
As autoridades tradicionais dos municípios do Cuchi e de Mendongue, Carlos Muvunvo e Augusto Cambinda (Mwene Vunongue) assistiram às inaugurações da estrada entre Cuchi e Menongue, numa extensão de 93 quilómetros, entre Menongue e Caindo, 133 quilómetros, e de Menongue para o Rio Cuelei, 75 quilómetros. Reconheceram o empenho do Executivo na construção e reconstrução do país. “Estão a trabalhar bem,fizeram boas estradas no Kuando-Kubango. Mas vamos pedir uma coisa: não queremos mais confusão nem guerra. Já estamos a viver em paz e temos muitas alegrias. Essas estradas são uma alegria para nós”, disse o chefe tradicional Carlos Muvunvo.
Mwene Vunongue corroborou este apelo e acrescentou: “Já estamos bem, então, respeitêmo-nos. Aquele que ganhar as eleições deve respeitar os outros e trabalhar para o bem de todos nós”.
Fernando da Fonseca, na companhia do governador Eusébio de Brito Teixeira, garantiu que “o MPLA e o seu cabeça de lista, o Chefe do Executivo, José Eduardo dos Santos, são inimigos da guerra. Lutaram muito pela paz. Aliás, o arquitecto da paz é o Presidente de todos os angolanos. Por isso, os nossos mais velhos podem ficar descansados, porque uma das coisas boas do MPLA é saber ouvir os conselhos dos mais velhos, principalmente das autoridades tradicionais”.
A garantia do ministro foi recebida com júbilo pelos dois chefes tradicionais, alegria que contagiou os jovens presentes.
O ministro Fernando da Fonseca aproveitou para pedir aos jovens automobilistas e motociclistas para conduzirem com prudência, porque “as estradas foram construídas para permitir uma circulação fluida e aproximar as populações e não para serem locais de morte”.
Bênção do bispo
O bispo da diocese de Menongue, D. Mário Lukunde, abençoou as três estradas e disse que elas são uma mola impulsionadora para o desenvolvimento da província: “abriu-se um espaço para o empresariado nacional, e para todas as actividades económicas. A rede de negócios vai aumentar e tudo isso graças a etsas estradas”, referiu.
D. Mário Lukunde disse ainda que, “tal como Cristo veio ao mundo para unir aqueles que andavam desesperados, as estradas unem os homens. E estamos felizes por saber que estas vias têm ligações com a zona Norte” do país. O ministro Fernando da Fonseca frisou a parceria entre o Instituto de Estrada de Angola e algumas empresas de construção na província do Kuando-Kubango.
Parceria proveitosa
“Os responsáveis da Zagope Angola mostraram ser bons parceiros. Houve algumas questões administrativas e atrasos no pagamento, mas não cruzaram os braços, continuaram com a empreitada e formaram muitos jovens que são hoje operários qualificados. O Executivo está satisfeito”, referiu.
O problema habitacional também foi explicado aos presentes durante a inauguração das estradas. Fernando da Fonseca realçou que “o problema estava nas vias. Agora estamos bem, embora haja a necessidade urgente de construir estradas secundárias e terciárias. Mas, hoje, o material de construção civil já pode chegar aqui. Vamos trabalhar agora nas casas”, disse. Para o governador Eusébio de Brito Teixeira, há a necessidade urgente de desenvolver o programa de recuperação das vias secundárias, que ligam a capital da província às sedes dos municípios, a construção de 200 fogos em cada município, a exemplo do Rivungo, onde o programa habitacional já está em curso. O administrador de Menongue, Antunes Huambo, referiu que “parte do programa do MPLA para Menongue está concretizado, porque já se pode fazer uma viagem para Benguela, Bié, Huambo, Luanda e outros pontos da zona Norte comodamente. Só não reconhece isso quem não gosta de ver o bem do seu semelhante”.
Automobilistas satisfeitos
Alguns automobilistas ouvidos pela reportagem do Jornal de Angola realçaram a importância das novas estradas para a sua actividade, recordando o passado de dificuldades. Na altura em que as vias eram autênticas picadas, que causavam o desgaste das viaturas e também dos homens, tornavam as viagens morosas e encareciam o valor do transporte de passageiros e mercadorias.
Antes da inauguração, a distância entre o Cuchi e Menongue era percorrida em quatro ou cinco horas, e às vezes mais, sobretudo no tempo das chuvas.
Hoje, com as estradas reabilitadas, a distância é percorrida “num tiro”, disse Justino Jacob, que presta serviços de moto-táxi.
Jacob realçou a importância da preservação das estradas e disse que as autoridades tradicionais têm um papel importante a desempenhar, auxiliando as autoridades na sensibilização dos utentes das vias, com realce para os camionistas.