Os dois sindicatos médicos não vão desmarcar a greve convocada para 11 e 12 deste mês, apesar da disponibilidade para o diálogo demonstrada pelo ministro da Saúde e das cedências entretanto efectuadas pelo governante, garantiu ao PÚBLICO Jorge Silva, do secretariado nacional do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
“Os sindicatos mantêm a greve e a manifestação no dia 11 e apenas estão disponíveis [para retomar o diálogo com o Ministério da Saúde] a partir das 9h00 do dia 13”, sublinhou Jorge Silva. “Os sindicatos registam com agrado a súbita disponibilidade e preocupação demonstrada pelo senhor ministro da Saúde, mas é tarde para impedir que os médicos manifestem o seu desagrado com todas as medidas que têm estado a ser postas em prática”, acrescentou.
A greve foi convocada pelo SIM e pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e contou com o apoio explícito da Ordem dos Médicos (OM), até ontem à noite.
Após uma reunião, o Conselho Nacional Executivo da OM adiantou, na quinta-feira à noite, que o ministro apresentou uma “série de propostas que pretendem responder a questões que constam do pré-aviso de greve” dos sindicatos e admitiu que reconheceu a “relevância de algumas delas”.
Esta sexta-feira, de manhã, no Porto, Paulo Macedo reafirmou que está disponível para retomar o diálogo com os sindicatos e admitiu estar aberto para discutir a grelha salarial, uma questão por definir desde 2009, “se a greve for desconvocada”.
Assegurando que não tem “medo” dos clínicos, apesar de estar “claramente preocupado” com os prejuízos que a paralisação anunciada vai causar, o ministro adiantou que tem propostas “muito concretas” para apresentar em termos de carreiras médicas e defendeu que já estão “ultrapassadas” as questões relacionadas com o concurso para a contratação de clínicos através de empresas de prestações de serviços (os chamados “tarefeiros”), a gota de água que esteve na base da convocação da greve.
Jorge Silva contrapõe que já em Dezembro passado o ministério se comprometera a negociar a grelha salarial e depois “faltou à verdade”. Considera ainda que as alterações que Paulo Macedo anunciou ao concurso dos “tarefeiros” não passam de “cosmética”. A única coisa que fez, adiantou, foi publicar hoje o anúncio da abertura para o concurso dos consultores (assistentes graduados), que, porém, ainda vai ser necessário regulamentar. E isso, nota, estava parado desde 2005.
FONTE: Público