O pintor angolano Lino Damião e o fotógrafo português António Pires inauguram hoje, às 21h30, na galeria 10 C, em Lisboa, a exposição “Fusão”, na qual exploram conceitos e representações do mundo, através de técnicas que vão para lá das normalmente utilizadas.
A exposição, que fica aberta ao público até ao dia 31, mostra cenas do quotidiano que os artistas vivenciam no seu relacionamento com os outros. “A ideia é descobrirmos para as pessoas o que é o quotidiano nos dois países, através de uma perspectiva analítica e artística dos aspectos positivos e negativos”, disse Lino Damião.
Em conversa telefónica com o Jornal de Angola, o pintor angolano, que desde há um ano tem residência artística em Portugal, adiantou que a fusão com António Pires está a ser uma experiência singular. “Estamos a aprender um pouco mais da cultura um do outro e é essa aprendizagem e troca de conhecimentos que vamos mostrar às pessoas”, esclareceu.
Neste trabalho, tecnicamente mais centrado na pintura, a arte do pintor funde-se com a serigrafia e a gravura. À excepção de três obras, todas nascem da adaptação de alguns esboços feitos em Angola que desenvolveu para esta exposição. “Vi as fotos do António Pires e dentro do trabalho que tenho feito criei uma ponte entre ambas as culturas. O resultado é a apresentação de obras mais suaves”, explicou o artista plástico.
“Fusão” é, portanto, para Lino Damião, uma exposição que junta um fotógrafo que pinta, com um pintor que também fotografa, através de aspectos de dois países com culturas diferentes, mas nem sempre tão desiguais.
Em relação ao trabalho fotográfico de António Pires, o pintor disse que nasce de uma luta que travou contra a massificação da imagem real. “A fotografia banalizou-se muito. Hoje até com o telemóvel se tiram fotos”, realçou. “Na fotografia do real, bem definida por artistas como António Pires, passa a dar-se mais importância à mancha, um processo que no mundo exterior perde toda a sua importância”, concluiu o pintor.
Lino Damião nasceu em Luanda em 1977. Encorajado pelo seu pai, Paulino Damião, fotógrafo do Jornal de Angola, começou muito cedo a desenhar e pintar, tendo recebido em 1989 o Prémio de Pintura na União Nacional de Artistas Plásticos. Tem participado em várias exposições individuais e colectivas, com destaque para a Feira de Arte Contemporânea de Lisboa, o I Festival Literário “Rota das Letras” de Macau e a I Trienal de Luanda. As suas obras de arte estão patentes em colecções públicas e privadas em África, Europa, Ásia, América do Sul e EUA.
António Pires nasceu em Bragança em 1960. Em 1982 vai para Coimbra onde, de 1987 a 1993 colabora com o Centro de Estudos de Fotografia (CEF) e nos Encontros de Fotografia. Em 1995, na mesma cidade, cria com dois fotógrafos o projecto ANIMAL – Escola e Estúdio de Fotografia. Colaborou, como fotógrafo, para a edição de dois livros: “Hoje” de Fernando Seabra Santos, publicado em 2010, e “Gabinete Transnatural de Domingos Vandelli”, de Paulo Bernaschina, lançado em 2008.