No Uíge, os tempos são de efervescência política. Como, de resto, era suposto esperar.
Não há tempo para distracções, embora nalguns casos apeteça perguntar porque razão se anda na política. Quando se encontram, por exemplo, sedes partidárias com as portas fechadas às 11 da manhã (PRS, no bairro Papelão) ou, o que é infinitamente mais estranho, não se tem uma delegação num território onde se diz que se possui raízes: FNLA. Com efeito, pode-se percorrer ruas, avenidas, ruelas, becos, bairros, colinas, na periferia ou no centro, não se encontra a delegação da gente que deveria falar por Lucas Bengui Ngonda na cidade do Uíge… O MPLA, claramente a força política melhor estruturada na província, tem a máquina oleada. O seu responsável de mais elevada categoria, na circunstância o próprio governador provincial Paulo Pombolo, admite que o que se quer ganhar não é segredo, são os cinco (5) deputados que correspondem àquele círculo eleitoral: “Começámos a trabalhar o ano passado, os CAP’s têm trabalhado quase que diariamente, ocupamonos de tudo a tempo, registo e actualização, agora estamos a preparar os delegados de lista, os cabos eleitorais.
Os 339 mil militantes que existem na província registaram-se e é só atrai-los agora para o voto”, afirma.
A abstenção pode vir a ser um problema nas próximas eleições. É o que se comenta nalguns meios, embora sem elementos claros de aferição como pesquisas de rua. Ainda assim, O PAÍS confrontou o dirigente partidário com essa probabilidade. “Devia haver algum estudo nesse sentido, fora disso é especulação. Seja como for, a nossa aposta tem sido a juventude. A perspectiva é levar ao voto o maior número de jovens. Tem de se falar com as pessoas, explicar-lhes porque é importante votar”. Na opinião de Paulo Pombolo, estas vão ser eleições calmas. Se depender, pelo menos, do seu partido, o MPLA: “A orientação é clara. O MPLA, os seus militantes, não se devem envolver em situações de conflito. Esta mensagem foi transmitida de forma correcta a todos. Trabalhamos e desejamos eleições transparentes, justas e democráticas”.
O político notou, no entanto, que há “focos de tensão” criados por alguns partidos da Oposição. Sem nunca se referir a eles nominalmente, Paulo Pombolo falou em “guerra das bandeiras”, fenómeno “em que são instruídas pessoas para implantar bandeiras nas comunas, nas aldeias, de uma maneira que molesta os habitantes…”
Denunciou também que “elementos de partidos políticos da Oposição convidam ao desacato, tentam agredir inclusive elementos da Polícia, o que não contribui para as eleições ordeiras e sem sobressaltos que todos.
FONTE: O País