A embaixadora de Angola na Zâmbia, Balbina da Silva, esclareceu, em Solwezi, aos refugiados do seu país que se encontram no campo de Maheba, as razões pelas quais devem regressar ao território nacional.
Ao fazer alusão ao fim do estatuto do refugiado, quinta-feira, a diplomata incidiu o seu discurso no apelo ao regresso, para evitar prováveis consequências negativas que as autoridades zambianas determinaram, que cessando a clausula que garante a estadia dos angolanos, todos os que ficarem serão considerados estrangeiros ilegais.
“Vamos evitar situações desagradáveis. O melhor é regressar. Eu sei que muitos de vocês estão apreensivos, não sabem como serão recebidos. Foram muitos anos fora de Angola.
Mas, esta viagem que vocês fizeram à Zâmbia foi forçada. Muitos de vocês vieram em busca de paz e segurança e foram acolhidos pelo Governo zambiano.
Mas hoje, a situação é outra, pois, há 10 anos que o nosso país está em paz, as razões do passado já não existem. É hora de agradecermos as autoridades zambianas pelo acolhimento e hospitalidade que nos ofereceram durante estes anos e voltarmos à nossa casa”, disse.
Durante o encontro, de mais de duas horas com a comunidade angolana refugiada e assentada no campo de Maheba, a diplomata foi exaustiva nas suas considerações face a conhecida resistência dos angolanos em aderirem ao regresso voluntário por alegações várias.
“Sei que é muito difícil para muitos de vocês optarem pelo regresso, pois vieram para aqui muito jovens, constituiram famílias, tiveram filhos que já constituem várias gerações de angolanos”, frisou.
Acrescentou ter consciência que em Angola muito ainda há por se fazer, tendo que resolver muitos problemas que não se resolvem de um dia para o outro, e é por isso que também devem regressar, para que cada um possa dar o seu contributo.
“Vamos contribuir para o desenvolvimento da nova Angola que pretendemos construir. Uma Angola de paz, harmonia, fraternidade e concórdia, onde todos os angolanos se revejam como irmãos, filhos daquela terra que nos viu nascer e que de mãos dadas consigamos ultrapassar as feridas do passado e resolvamos os grandes desafios que ainda temos pela frente”, aludiu.
Os refugiados angolanos no campo do Maheba, entre outras questões, alegaram como eventuais impedimentos ao regresso, o facto de já não terem família ou não saberem do seu paradeiro em Angola, os casamentos que contraíram com indivíduos de outras nacionalidades, as crianças que ainda não terminaram o ano lectivo e a impossibilidade de transportarem todos os seus haveres de avião.
O estatuto de refugiado para os angolanos termina dia 30 deste mês.
FONTE: Angop