Os surtos epidemiológicos que em Abril causaram a morte a 13 crianças, nos municípios da Jamba e Quipungo, na província da Huíla, foram causados por intoxicação alimentar e carbúnculo hemático e sintomático, determinaram as análises clínicas feitas em Luanda.
Os resultados dos dois casos de surto epidemiológico foram segunda-feira apresentados, na cidade do Lubango, pela Direcção Nacional de Saúde Pública e pelo Centro de Controlo de Doenças em Angola.
A apresentação foi feita durante a realização de um seminário nacional de actualização, com a duração de um dia, que abordou a questão da “Investigação e controlo de epidemias”, dirigido a 42 responsáveis e quadros do sector da Saúde.
Entre os participantes no seminário encontrava-se o grupo de mestrado em Medicina que efectuou os estudos dos dois surtos epidémicos.
A chefe dos serviços primários de saúde da Huíla, Judite Santos, explicou que uma equipa técnica trabalhou na Jamba e no Quipungo para apurar a origem da intoxicação alimentar, com amostras enviadas para o laboratório nacional para serem submetidas a um exame minucioso, cujos resultados estão agora disponíveis.
“Por aquilo que foi constatado, as crianças chegaram aos postos de saúde com vómitos. Apenas um caso chegou ao hospital já inconsciente e muitos menores morreram em menos de meia hora”, referiu.
A coordenadora nacional do estágio do curso de mestrado de epidemiologia no campo e no laboratório, Balbina Félix, disse que a apresentação das pesquisas feitas, em Quipungo e Jamba, têm como objectivo alertar as autoridades e as comunidades para a tomada de múltiplas providências, quando se confrontarem com qualquer surto epidémico.
Recurso aos laboratórios
Por essa razão, Balbina Félix defendeu a necessidade de criação de mecanismos céleres para o envio de amostras de casos de doenças estranhas que se registam nas províncias para melhor apuramento nos laboratórios de referência e acrescentou que diversas vezes os resultados são apurados tardiamente por levarem demasiado tempo para serem enviadas.
“É preciso que as unidades municipais e comunais comecem a detectar os casos o mais cedo possível. O que está recomendado é que o processo decorra dentro das 24 horas, depois de surgir o primeiro caso na comunidade”, referiu.
Falando à margem do seminário, que reuniu médicos, responsáveis de saúde pública, especialistas de laboratório e estudantes de medicina na Huíla, Balbina Félix admitiu que o sistema de comunicação do país ainda não cobre 70 por cento das necessidades das equipas de vigilância epidemiológica, colocados sobretudo nas zonas rurais. Para a responsável de saúde pública, é preciso igualmente intensificar a educação sanitária no seio das comunidades vítimas de doenças estranhas, para uma mudança de atitude, para o bem de todos.
Referiu ser imperiosa a existência de mais intercâmbio entre o sector de saúde animal e humano, já que algumas doenças que se verificam em determinados animais também se notam nos seres humanos. Adiantou que na próxima semana são chamados técnicos das províncias, para a revisão do manual sobre vigilância integrada de doenças e aplicação do regulamento sobre investigação epidemiológica.
* Com Angop
Fonte: JA