Mais de 50 angolanos foram despedidos do Hotel Convenções de Talatona – HCTA, apurou o SOL. Por detrás da imagem de glamour desta unidade hoteleira de cinco estrelas – que foi inaugurada em Dezembro de 2009 para albergar a actividade da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) – está a insatisfação de dezenas de funcionários.
O SOL teve conhecimento de que tem ocorrido uma série de despedimentos por «injusta causa». Uma fonte relatou ao SOL que os angolanos que trabalham no hotel são os que ocupam os cargos mais baixos.
Quando o HCTA abriu, estava previsto um plano de formação que possibilitaria capacitar os quadros angolanos para que estes, após dois anos (em finais de 2011), pudessem ocupar cargos mais elevados. O objectivo, segundo a mesma fonte, ficou «por alcançar», uma vez que, «em quase três anos, ainda não há nenhum angolano nos cargos mais altos de chefia do hotel».
Hotel admite despedimentos por justa causa
O administrador do hotel, Carlos Almeida, negou as acusações, destacando que o hotel reduziu para metade o número de expatriados a trabalharem desde a abertura do HCTA. O responsável garantiu haver também um número considerável de angolanos em cargos de chefia, um facto que, segundo o mesmo, constitui motivo de orgulho e satisfação.
«Mais de 50 angolanos foram despedidos desde a abertura do hotel», garantiu uma fonte ao SOL, enquanto apontava as várias irregularidades registadas no dia-a-dia do HCTA. Estas alegações são contrariadas pelo administrador do hotel e pela advogada da unidade hoteleira. Ana Paula Godinho referiu existirem «casos em que a direcção do hotel se vê obrigada a instaurar processos disciplinares e muitos terminam em despedimento por justa causa, uma situação que se regista também com cidadãos estrangeiros».
Por sua vez, Carlos Almeida afirmou não haver situações irregulares quanto aos processos de admissão e demissão de funcionários. Ao SOL, sublinhou que «na indústria hoteleira, é normal esta rotatividade».
A fonte que denunciou a situação ao SOL lamentou ainda o facto de chegarem funcionários expatriados sem formação e ocuparem os cargos de chefia, mesmo quando são formados pelos angolanos, que continuam nos cargos mais baixos na hierarquia.
Expatriados sem renovação dos contratos
O administrador do HCTA sublinhou que o terceiro nível da hierarquia está maioritariamente preenchido por quadros angolanos, exemplificando com o cargo de director da segurança. Carlos Almeida afirmou ainda que muitos angolanos são chefes e subchefes de sala. Estes novos cargos, segundo a fonte que denunciou os despedimentos, «existem recentemente para dar a ideia de que há angolanos em cargos de chefia, quando estes são constantemente desautorizados».
«Lançámos um repto aos angolanos que estudam e trabalham no exterior, para que pudessem dar o seu contributo no desenvolvimento do sector em Angola», afirmou Carlos Almeida, recorrendo ao exemplo do chefe de cozinha, angolano trazido de Londres, onde trabalhava num dos melhores restaurantes.
Sobre os expatriados que trabalhavam no HCTA, o administrador fez saber que os mesmos não foram despedidos, somente não viram os seus contratos renovados, uma situação que os obrigou a voltarem aos países de origem.
FONTE: SOL