O antigo presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, embaixador canadiano Robert Fowler, elogiou ontem, em Luanda, os esforços que em dez anos de paz, o Executivo empreendeu para o desenvolvimento do país.
O diplomata canadiano falava à imprensa, no final de uma palestra sobre “os caminhos para a paz numa perspectiva das Nações Unidas”, que proferiu ontem numa das unidades hoteleiras de Luanda, no quadro da sua visita de uma semana a Angola, iniciada ontem.
Roberto Fowler admitiu que ainda nem todos os angolanos estão a usufruir dos frutos da paz na sua plenitude, mas reconheceu que o Executivo deu grandes passos para que isso aconteça: “há aqueles que ainda não alcançaram o seu sonho. Todavia, devo dizer que o governo já deu grandes passos e levou a cabo muitos esforços para o desenvolvimento do país. Os portos estão a funcionar, há investimentos em infra-estruturas e o desenvolvimento pode-se sentir e ver”, frisou.
O embaixador Fowler destacou as melhorias no domínio da livre circulação de pessoas e bens: “agora pode-se viajar para toda a Angola sem complicações”.
Relativamente a Luanda, o embaixador disse ter notado também melhorias significativas, comparadas com última vez que esteve em Angola, em 2000: “quando estive cá pela primeira vez a iluminação pública não existia e nos edifícios não havia elevadores, mas hoje o cenário é diferente. Até nas ruas, há muito mais carros”, disse. Do planalto central angolano, Robert Fowler tem outra lembrança das consequências da guerra: “naquela época de conflito eu estive no Huambo e notei que não existiam edifícios sem buracos resultantes dos obuses e balas”. O diplomata lembrou ainda que “agora as coisas mudaram para melhor”.
O diplomata agradeceu o facto de ter sido convidado para visitar novamente Angola: “é um enorme prazer estar em Angola e testemunhar os ganhos dos dez anos de paz”, disse Fowler, para quem o país tem um potencial ilimitado para se desenvolver.
O antigo presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas fez o mesmo elogio, à saída da audiência que lhe foi concedida pela secretária de Estado das Relações Exteriores para a Cooperação, Exalgina Gambôa, com quem conversou sobre o desenvolvimento que Angola já alcançou ao longo dos dez anos de paz. “Os que vivem aqui podem acompanhar isso no dia a dia, mas no meu caso, posso ver que depois de 12 anos há uma grande mudança em Angola”, frisou. Na mesma audiência a secretaria de Estado quis saber detalhes sobre a época em que Robert Fowler presidiu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, sobretudo no que diz respeito ao Comité de Sanções durante o conflito angolano: “quis saber qual o papel que desempenhei naquela época. Falámos também sobre alguns assuntos ligados ao continente africano”, acrescentou.
O papel de Fowler
A mensagem principal da palestra que o antigo presidente do Conselho de Segurança da ONU proferiu tem a ver com o orgulho que Robert Fowler diz sentir pelo papel que o Comité de Sanções das Nações Unidas e o Painel de Peritos jogaram para o fim do conflito em Angola.
Em 2000, na qualidade de presidente do Comité de Sanções das Nações Unidas, Fowler elaborou um relatório que deu por finda a impunidade dos violadores das sanções contra a UNITA e limitou seriamente o acesso dos então rebeldes aos mercados de diamantes e armas e conduziu ao fim da guerra civil que devastou Angola durante 27 anos.
Foi a partir deste documento que o Conselho de Segurança das Nações Unidas passou a falar a uma só voz ao analisar o conflito angolano.