Brasília – A mudança do sistema político da maior parte dos países africanos que adoptaram o multipartidário afectou o funcionamento das organizações femininas, tendo em conta que muitas tinham sido criadas no espírito de partidos progressistas.
A informação é de Luzia Inglês aquando da apresentação do relatório da coordenação regional africana de 2007 a 2010, terça-feira, no XV Congresso da Federação Democrática Internacional de Mulheres (Fdim) que decorre em Brasília, Brasil.
“(…) ligados directamente a países socialistas e com a queda do muro de Berlim, muitos desses apoios enfraqueceram, o que afectou o funcionamento das organizações femininas”, disse.
Na qualidade de coordenadora regional, Inga frisou que perante este quadro, durante o mandato que agora termina, o trabalho da Organização da Mulher Angolana (OMA) sofreu alguns constrangimentos de funcionamento, principalmente, por dificuldades de contacto com os membros, inviabilizando o cumprimento dos compromissos assumidos por grande parte das associadas da Fdim.
Acrescentou que apesar das dificuldades vividas pela coordenação regional, a OMA foi exercendo a sua influência junto de organizações congéneres espalhadas pelo continente, contribuindo assim para o enriquecimento da sua vida interna, com a filiação de nove associações femininas africanas à Fdim.
Sobre as actividades desenvolvidas pela OMA, afirmou que esta continuou com acções de solidariedade para com os povos em luta pelo mundo e continuará a estreitar as relações de cooperação e de amizade para o reforço do movimento feminino nacional e internacional, à luz da preservação da paz e fraternidade entre as nações.
Luzia Inglês fez recordar a campanha de solidariedade lançada em Outubro de 2011 pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, para com o povo da Somália que vive fugindo da penúria e da guerra que castiga o seu país.
“A OMA ao lado de outras organizações da sociedade civil e das populações responderam ao auxílio humanitário àquele país em guerra”, frisou.
Luzia Inglês reafirmou que, com espírito de solidariedade, de irmandade e disciplina organizativa, a OMA continua a afirmar-se para os desafios do futuro.
Acrescentou que este grande movimento em torno da mulher trouxe benefícios aos ideais da luta das africanas, mas em muitas partes do mundo ainda estão longe de atingir os níveis de desenvolvimento desejáveis.
Pelo facto, explicou, a União Africana tem vindo a providenciar mecanismos para a liderança feminina nos países membros, criando comissões que ficaram mais evidenciadas pela adopção da política sobre o género.
Mas, entretanto, as organizações femininas africanas que há muitos anos lutam pela promoção da igualdade do género, têm sofrido contrariedades, pois o processo de reorganização das estruturas políticas do continente tem vindo de certo modo a embaraçar as suas actividades.
Fonte: Angop