A agência de notação financeira norte-americana Egan-Jones acredita que a crise da dívida na Europa caminha para o ponto mais crítico e refere que «Portugal irá cair de certeza», podendo Espanha e Itália correr o mesmo risco.
Numa entrevista hoje divulgada no jornal alemão ‘Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung’, o presidente da agência de ‘rating’, Sean Egan, afirmou, referindo-se a Portugal, que «quando a economia de um país se retrai de forma tão significativa e, simultaneamente, os juros das obrigações a dez anos se situam próximo dos 10 por cento, é óbvio que a situação é insustentável».
O analista assinalou que «o drama ainda não atingiu o seu ponto mais crítico» e manifestou-se convicto que, «de qualquer modo, Portugal será afectado».
Para Egan, «a injecção massiva de liquidez do Banco Central Europeu (BCE) acalmou os ânimos nos mercados a curto prazo», mas tendo em conta a actual situação, «é uma tranquilidade enganosa».
Considerou, por isso, que «o BCE só atenuou o colapso do sistema, mas não pode evitá-lo», uma vez que “não houve alteração do problema de fundo».
«Em Espanha não há crescimento, o mesmo acontece em Itália. Quando a crise do euro voltar a agudizar-se um pouco mais, ambos os países cairão inevitavelmente na mesma situação que Portugal», referiu.
Relativamente à Grécia, Egan assinalou que a actual reestruturação da dívida «não será, com toda a certeza, a última».
«A desagradável realidade é que, apesar dos muitos pacotes de ajuda, a Grécia continuará sobre um monte de dívidas que, a longo prazo, não poderá saldar», disse, admitindo recear que «os credores [privados] tenham de aceitar perdas que poderão aproximar-se dos 95 por cento».
Sobre a Alemanha, Egan comentou: «Que Estado tem a capacidade de se tornar responsável das perdas do Sul da Europa? Não acredito realmente que a Alemanha se safe. Serão os contribuintes alemães quem terá de pagar, disso tenho a certeza».
Fonte: Lusa/SOL