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    Indústria têxtil volta a produzir em Angola

    Após longos anos de paralisação, a indústria têxtil começa a dar o ar da sua graça, numa altura em que vão se reerguendo as grandes unidades fabris do sector.
    As grandes indústrias têxteis, África Têxtil, Satec e Textang, estão em obras de recuperação, reabilitação e modernização a cargo da empreiteira japonesa Marubeni.
    Quando as obras de recuperação e modernização da Textang forem concluídas, em Agosto de 2013, a fábrica regressa à fiação de algodão, tecelagem, tingimento e estampagem de tecidos. E quando estes sectores estiverem implantados e a funcionar bem, a empresa volta as baterias para a produção, acabamento e manufactura de tecidos.
    “Estamos a contar com a cooperação do Ministério da Indústria para dar prosseguimento a este projecto, que caminha a bom ritmo”, considerou Koichi Nagashima, director-geral da Marubeni, que quer a todo custo ver concluída a montagem do equipamento em meados de 2013, altura em que a fábrica têxtil começa a operar.
    O espaço fabril, com uma dimensão de 30 mil metros quadrados, vai estar preenchido de máquinas e equipamentos de última geração de origem japonesa, fornecidas pela construtora Toyota. À semelhança dos responsáveis da Marubeni, o Secretário de Estado da Indústria, Kiala Gabriel, acredita no relançamento do segmento têxtil no país, por ser uma aposta do Executivo ver toda a cadeia que alimenta o sector a engrenar imparável e progressivamente.
    “O Executivo tem apostado nos últimos anos na recuperação da indústria têxtil. Contratamos a empreiteira japonesa Marubeni que conseguiu um financiamento de 1,15 mil milhões de dólares para a recuperação de três unidades, designadamente a Textang, a África Têxtil e a Satec”, disse Kiala Gabriel.
    A Textang, disse, está na fase efectiva de recuperação: “o que se pretende é recuperar, modernizar e especializar a indústria do ponto de vista da produção, em função das características do mercado nacional. Vamos orientar a indústria para a realidade do país”.

    Produção de algodão

    Para responder às necessidades da indústria têxtil nacional, que caminha para o seu relançamento, o Executivo está a estimular a produção do algodão: “estamos a cuidar deste elemento e é em função disso que a província do Kwanza-Sul relançou a produção de algodão”, garantiu o secretário de Estado da Indústria. A produção de algodão abrange também a província de Malange, onde vai ser instalada uma fábrica de descaroçamento e fiação de algodão. “Estas vão ser as condições iniciais para o reinício da produção têxtil no país. Vamos relançar a produção”, assegurou.
    Em relação aos dez anos de paz, Kiala Gabriel disse que um grande ganho foi a estabilidade, que por sua vez atrai investidores: “hoje temos mais investidores do que há alguns anos e por força disso, salientou, em seis anos, a média de novas indústrias que entram em funcionamento no país oscila entre as 120 e 130”.

    Protecção à indústria

    Depois das visitas a algumas fábricas, em Luanda, o secretário de Estado da Indústria reiterou a necessidade de protecção da indústria nacional e da produção interna, que perde terreno, muitas vezes, para os produtos importados. Visitou empresas como a Induve, Siderurgia Nacional e o Centro de Formação Técnica de Siderurgia, além da Textang. No final da visita, o secretário de Estado da Indústria falou dos ganhos e passos que o sector conseguiu dar em tempos de paz, embora reconheça que há ainda muito por fazer.
    O secretário de Estado da Indústria reuniu com os responsáveis das unidades fabris e defendeu a necessidade de uma maior protecção da indústria nacional e valorização da sua produção. Kiala Gabriel pretendeu ouvir dos intervenientes as dificuldades e os grandes estrangulamentos por que o sector tem vindo a passar, numa altura em que cada vez mais se instala a “batalha” concorrencial entre os bens e serviços importados e os produzidos internamente.
    Começou por visitar a empresa Induve, responsável pela produção de farinha de trigo, fuba de milho e enchimento de óleo de soja, que passa por momentos de alguma dificuldade, já que os níveis de escoamento dos produtos estão aquém do esperado.
    “Estamos com sérias dificuldades face à reduzida venda que a empresa tem registado, que é um pouco reflexo dos crescentes níveis de produtos importados, comercializados a preços baixos, pois estão isentos de taxas”, referiu António Aragão, director-geral da empresa.
    António Aragão disse que o Executivo concedeu incentivos fiscais aos importadores com vista a baixar a inflação e aumentar a oferta da cesta básica, mas as medidas prejudicaram a produção nacional que já começa a ressentir-se desta medida com prejuízos elevados
    Relativamente a Induve, empresa produtora de fuba de milho e óleo vegetal, Kiala Gabriel disse ser uma empresa com investimento já realizado e que neste momento está em funcionamento. Mas as dificuldades em que a empresa tem passado nos últimos anos saltam à vista, na medida em que continua a produzir sem conseguir atingir níveis satisfatórios de vendas.
    Com 177 trabalhadores, a empresa produz diariamente 420 toneladas de farinha de milho.
    Numa altura em que se pretende a protecção da indústria nacional, Kiala Gabriel disse ser necessário encontrar fórmulas para contrapor o actual cenário, que trava o crescimento da indústria doméstica.
    “Há uma clara inundação de produtos como a fuba de milho, resultado das facilidades dadas aos importadores para uma maior consolidação da cesta básica”, disse, acrescentando que o mercado nacional está a ressentir-se diante dos níveis de importação de produtos.
    “Levamos essa preocupação ao mais alto nível onde está a ser vista a possibilidade de se retirar da cesta básica a fuba de milho, sem prejuízo ao consumidor”, referiu.
    A Induve tem vindo a produzir mas está com sérios problemas de escoamento dos seus produtos, o que impõe dificuldades no processo de comercialização da fuba de milho que produz e o olho de soja, cujo enchimento é feito na empresa.

    Taxas de importação

    A nova versão da pauta aduaneira aprovada recentemente pelo Executivo, que deve entrar em vigor em breve, pretende garantir mais valorização à produção nacional e agravar a importação de produtos que já são produzidos em Angola. Face a um cenário de dificuldades para o desenvolvimento da indústria nacional, a nova versão da pauta aduaneira olha para o lado dos produtores e também para a protecção da indústria nacional e não apenas para o consumidor, disse Kiala Gabriel.

    Siderurgia nacional

    O secretário de Estado da Indústria visitou a Siderurgia Nacional, onde teve contacto com as reais condições de trabalho e capacidade de produção da unidade fabril, cuja matéria-prima são as sucatas. Preocupado com a formação nesse segmento, Kiala Gabriel visitou o Centro de Formação Técnica de Metalurgia, localizada a escassos metros da Siderurgia Nacional.
    A Siderurgia Nacional está a produzir mas precisa apenas de afinar a máquina para aumentar os níveis de produção.
    Alimentada por sucatas, a Siderurgia Nacional aumentou a sua capacidade de produção com aquisição de novos fornos de fundição. Para continuar a alimentá-la de matérias-primas, foi desencorajada a exportação de sucatas, tudo para garantir o abastecimento às empresas siderúrgicas nacionais.

    Pólos industriais

    “É nosso desejo termos complexos industriais em todas as províncias do país, enquanto infra-estruturas de base de apoio à actividade industrias, sublinhou o secretário de Estado da Indústria, Kiala Gabriel. O secretário de Estado explicou que o pólo de Fútila, em Cabinda, é o primeiro e depois da aprovação do investimento, a selecção do empreiteiro não foi bem sucedida, o que provocou um atraso de dois anos. Agora, espera-se apenas pelo concurso público, que deve ser aprovado a alto nível.
    Também existe o pólo do Lucala, Kwanza-Norte, cuja construção está a decorrer. Existem também os pólos da Catumbela, já sem espaço e que por isso deve ser ampliado, além dos da Caála, Negage e outros de menor dimensão.
    No pólo de Viana, Luanda, com oito mil hectares, apenas restam 1.500 lotes industriais. “Estamos a trabalhar com o Ministério da Economia para uma promoção conjunta do espaço”, disse Kiala Gabriel, afirmando que no Dondo existe um espaço de três mil hectares e que em breve vão ter o plano geral e um projecto do Executivo para promover o pólo e obter os financiamentos necessários.

    Fonte: JA

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