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    Revoltosos do Mali concordam em entregar o poder a um governo civil

    Os rebeldes do Sara que ontem proclamaram a independência do Estado Azawad anunciaram hoje o fim da rebelião e a transição para uma governação civil no Mali depois de chegarem a acordo com a Comunidade Económica da África Ocidental (Cedeao).

    Em troca, a Cedeao irá levantar as sanções económicas e garantir amnistia para os autores do golpe, indicaram mediadores citados pela BBC.

    O Movimento Nacional de Libertação Azawad (MNLA) – organização secular que representa a rebelião dos nómadas tuaregues daquela região desértica do Sara – declarou ontem a independência de um novo Estado de Azawad correspondente ao território do Norte do Mali. Este gesto político estava na forja desde o início da semana depois da tomada das principais cidades de Gao, Kidal e Tombuctu, e que mereceu imediata e unânime condenação pela comunidade internacional.

    Esta noite, porém, a situação acabou por tomar uma direcção positiva. Nos termos do acordo de transição anunciado, os golpistas irão ceder o poder ao porta-voz parlamentar Diouncounda Traore que, como Presidente interino, irá supervisionar o agendamento de eleições num prazo de 40 dias após a sua nomeação.

    O acordo, assinado pelo líder dos revoltosos, o capitão Amadou Sanogo, prevê o fim das sanções por parte da Cedeao mas não refere uma data para o afastamento do capitão que lidera o Governo provisório dos militares.

    “Será necessário organizar uma transição polícia que termine em eleições livres, democráticas e transparentes em todo o território”, estabelece o acordo.

    Os revoltosos liderados pelo capitão Sanogo tomaram o poder no passado dia 22 de Março, acusando o governo de Bamaco de ineficiência.

    A luta separatista dos nómadas tuaregues confunde-se com a independência do Mali em 1960. Três anteriores rebeliões contra o Governo de Bamaco redundaram em fracasso. A grande região Azawad engloba parcelas do Burkina Faso, Níger, Argélia e vai até à Líbia – aliás, foi na guerra para a preservação do poder do coronel Muammar Khadafi, em 2011, que a insurreição tuaregue se treinou e armou. Estima-se que o MNLA conte com mais de 300 homens nas suas fileiras.

    No entanto, para as suas recentes conquistas no Norte do Mali, o movimento separatista contou com o apoio fulcral dos militantes islamistas do Ansar Dine, um grupo afiliado da Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI), que controlará a cidade histórica de Tombuctu, que está classificada pela UNESCO (ver pág. 24). É uma associação que pode ter consequências imprevistas: ao contrário dos rebeldes do MNLA, os tuaregues do Ansar Dine não combatem pela autodeterminação do povo Azawad, mas sim pela imposição da lei islâmica em todo o Mali. “A nossa luta é uma guerra santa. É uma guerra pela lei em nome do islão. Somos contra a independência. E somos contra revoluções que não sejam feitas em nome do islão”, disse ontem à AFP o chefe militar do Ansar Dine, Omar Hamaha.

    A Organização das Nações Unidas e a Amnistia Internacional têm alertado para a exacerbação da crise humanitária no Mali, onde a seca já tinha forçado mais de 13 milhões de pessoas a receber ajuda alimentar.

    Fonte: Publico
    Foto: (Juan Medina/Reuters)

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