O Governo Provincial de Luanda está a desenvolver um programa para aproximar os serviços de saúde às populações. Os municípios do Cacuaco e Viana têm dois novos hospitais municipais em funcionamento, que garantem mais e melhor assistência médica. Estas duas unidades, que abriram as portas no mês de Dezembro último, descongestionaram o fluxo de pacientes aos hospitais de Luanda e facilitam a vida às comunidades da periferia.
O Hospital Municipal de Cacuaco está localizado no centro do bairro da Nova Urbanização. Francisca Ngueve, 40 anos, disse que “foi a primeira vez que entrei neste hospital, porque não sabia que já tinham começado a atender, mas graças a Deus gostei muito do atendimento e da organização ”.
Francisca Ngueve vive perto do Hospital Municipal do Cacuaco. Ficou doente com febre tifóide mas por falta de dinheiro não pôde recorrer a uma instituição privada. Por isso, recorreu a receitas caseiras, mas sucesso: “quando fiquei acamada recebi a visita da minha vizinha e ela disse-me que existia um hospital próximo. Então fui lá, trataram-me muito bem e fiquei três dias internada”.
O quarto da enfermaria em que estava internada tem boas condições e recebeu todas as atenções do corpo clínico. Ficou curada e o internamento, medicamentos e cuidados médicos foram gratuitos.
Alberto Kaliquila, de 47 anos, sofreu uma intervenção cirúrgica no pé, no Hospital Municipal de Viana localizado no centro do bairro Capalanca.
Não conhecia o hospital, foi levado de emergência pelo filho: “quando cheguei aqui pensei que fosse uma clínica privada, porque encontrei tudo limpo e organizado. Dão as três refeições do dia e a medicação é gratuita e às horas certas”. Alberto Kaliquila continua internado: “os enfermeiros passam de hora em hora nas enfermarias, para nos controlar. O director-geral também faz visitas constantes, mesmo internado estou sossegado porque recebo um tratamento condigno”.
Kassinda Manuel, de 26 anos, vive no Quilómetro 30 e deu à luz o seu terceiro filho no Hospital Municipal de Viana. Anteriormente ela frequentava o Hospital Augusto Ngangula ou a Maternidade Lucrécia Paim. Mas agora com os serviços de saúde mais próximos da população, a distância da sua casa ao hospital está encurtada.
Os pacientes estão satisfeitos com o nível de atendimento nos novos hospitais. Se o nível dos profissionais for tão elevado em todos os hospitais de Angola, então está garantido um atendimento de qualidade para todos os angolanos.
Falta recursos humanos
O nível de atendimento nos novos hospitais é bom. Os profissionais de saúde têm trabalhado de forma redobrada para garantir um atendimento permanente, sobretudo no Hospital de Viana, onde ainda há falta de recursos humanos.
O director-geral do Hospital Municipal de Viana, António Sebastião Pascoal, explicou à nossa reportagem que a sua unidade atende 160 pacientes por dia. Tem apenas 13 médicos nas especialidades de ortopedia, cirurgia, pediatria, ginecologia, obstetrícia, fisioterapia e os médicos de clínica geral. O hospital tem 58 enfermeiros e apenas um técnico na área dos Raios X. Para o director do hospital, este número é insuficiente para atender a elevada procura de pacientes. “Este hospital está bem localizado, foi construído numa zona periférica com elevado crescimento populacional. Para responder à procura preciso de 46 médicos e 200 enfermeiros para funcionar em pleno em áreas como a radiologia e cardiologia, que abrimos de forma tímida” acentuou o responsável da unidade. O hospital está a funcionar desde o dia 27 de Dezembro e tem capacidade de internamento de 70 camas, mas por falta recursos humanos, apenas 30 por cento da capacidade do hospital está em funcionamento.
Acidentes de viação
António Sebastião Pascoal informou que o hospital recebe muitos casos de acidentes de viação que se registam na via expressa e na Estrada Nacional 230 que liga Luanda a Catete. Em média dão entrada no hospital oito a dez casos de acidente de viação.
No hospital já foram realizadas 14 cirurgias de ortopedia e 101 partos. O banco de urgência já atendeu 4.305 doentes e pelas consultas externas passaram 2.919 pessoas. O director-geral do hospital infirmou que as três refeições do dia para funcionários e pacientes internados estão garantidas e com qualidade. Os serviços da cozinha foram contratados com uma empresa externa.
Em termos de medicamentos o responsável do hospital de Viana disse que a unidade está bem, porque recebe ajuda da Direcção Provincial de Saúde e tem fundos próprios para adquirir os fármacos que não são fornecidos.
Na farmácia há sempre medicamentos. Os pacientes recebem a receita e depois os medicamentos receitados, gratuitamente.
Quanto à aquisição de oxigénio, o Hospital Municipal de Viana tem uma central de produção que está ligada a todas as enfermarias.
Dificuldades no Hospital do Cacuaco
Os pacientes do Hospital Municipal do Cacuaco apenas têm uma sopa porque as refeições só abrangem os trabalhadores. Mas estão a ser feitos esforços no sentido de distribuir refeições diárias aos doentes, informou o director-geral do hospital, João Chicoa.
Devido a esta situação, os familiares dos pacientes levam comida de casa. O director-geral do Hospital do Cacuaco salientou que apesar da falta de alimentação para os doentes, o nível de atendimento é bom porque os profissionais de saúde estão sempre disponíveis. Na farmácia há sempre medicamentos que o paciente recebe depois da consulta. O hospital está a trabalhar apenas com seis médicos nas especialidades de pediatria, ginecologia e clínica geral.
João Chicoa diz que este número é reduzido tendo em conta as necessidades do hospital e a elevada procura de pacientes.
Os poucos médicos trabalham demasiadas horas e só saem do serviço quando um outro médico chega para os substituir.
O responsável do hospital de Cacuaco frisou que para melhorar o atendimento, a unidade sanitária precisa de pelo menos seis obstetras, dois ortopedistas, dois cirurgiões, um especialista de otorrino, um de oftalmologia e um especialista em dermatologia.
Quanto ao número de enfermeiros, o director-geral disse que precisa pelo menos mais 60, para atender condignamente os 200 pacientes que por dia acorrem ao hospital em busca de tratamento.
O hospital abriu as suas portas no dia 27 de Dezembro último. Tem uma capacidade de internamento para 75 camas e desde a abertura já atendeu seis mil pacientes e realizou 155 partos. “Até agora, o máximo de internamentos que tivemos foi de 20 doentes” realçou.
Falta energia eléctrica
O Hospital do Cacuaco e o de Viana não estão ligados à rede pública de electricidade. O seu funcionamento depende de grupos geradores que consomem 600 litros de combustível por dia cada um.
A água potável é outro problema para os gestores das unidades sanitárias. Ambas dependem de tanques com capacidade de 150 mil litros de água.
O abastecimento de água é feita por cisternas, todos os dias.
Cada hospital tem em funcionamento três ambulâncias.
Fonte: JA