Angola precisa de investir 20 mil milhões de dólares em telecomunicações, transportes, energia e águas ao longo da próxima década, para alcançar o nível de infra-estruturas de outros países em desenvolvimento, de acordo com um estudo comparativo do Banco Mundial divulgado em Washington.
No estudo “As Infra-estruturas de Angola: Uma Perspectiva Continental”, publicado pelo Banco Mundial, as investigadoras Nataliya Pushak e Vivien Foster estimam que Angola tem gasto 4,3 mil milhões de dólares por ano em infra-estruturas, o equivalente a 14 por cento do seu produto interno bruto, a maior parte em transportes.
O investimento tem sido financiado pelo Orçamento de Estado e a China é, “de longe, a mais significativa fonte de financiamento externo”, afirmam as investigadoras.
“Para responder às suas necessidades de infra-estruturas mais prementes e alcançar os países em desenvolvimento noutras partes do mundo, Angola precisa de expandir os seus activos de infra-estruturas em áreas chave”, adiantam.
No campo das telecomunicações, Pushak e Foster identificam como projectos mais necessários a ligação por fibra óptica às cidades capitais vizinhas, um cabo submarino e ainda acesso universal a sinal GSM e instalações públicas de banda larga. Possuir ligação nacional por estrada de boa qualidade com duas faixas de rodagem e permitir o acesso por estrada a zonas agrícolas são os objectivos no domínio dos transportes.
Alcançar estes alvos ilustrativos de infra-estruturas em Angola custa cerca de dois mil milhões de dólares por ano ao longo de uma década, indo as maiores fatias para a energia (785 milhões de dólares) e águas (574 milhões).
O estudo indica ainda que as ineficiências em infra-estruturas custam a Angola perto de 1,3 mil milhões de dólares por ano, cinco por cento do Produto Interno Bruto (PIB), recursos que podem, em larga medida, ser recuperados com o aumento das tarifas de electricidade e abrandamento do ritmo do investimento rodoviário, cujo orçamento é habitualmente excessivo.
Além de um programa de estradas que parece ultrapassar a capacidade de execução das entidades responsáveis, outras decisões “não têm sido as óptimas”, como a falta de investimento em água e saneamento ou em redes de distribuição de electricidade que permitam que se tire totalmente partido da maior capacidade de produção. No futuro, refere o estudo, as autoridades angolanas têm ainda capacidade de atrair mais investimento privado para estes projectos.
“Dado o tamanho e intensidade da economia de Angola, deve ser alcançável a médio prazo atrair um volume de investimento privado mais significativo, em particular no sector de energia, libertando assim fundos públicos para outras necessidades sociais prementes”, recomendaram as investigadoras.