O cinturão de campeão mundial dos meio-pesados da versão do Conselho Universal de Boxe (UBC) vai estar em disputa hoje, às 19h00, entre o angolano Tony Quicanga e o romeno Adrian Cerneaga, na gala promovida pelo promotor angolano Carlos Luís Gonçalves, no Pavilhão Principal da Cidadela Desportiva. Está a chegar a hora H. Os pugilistas fizeram o trabalho de preparação. Quicanga, que está radicado em Portugal, viveu quatro meses em Luanda a preparar-se e contou com apoio logístico do Ministério da Juventude e Desportos.
Disse que tem “expectativas altas em relação à peleja de hoje”. O angolano, que é detentor do título em disputa, considera-se na obrigação de vencer, porque tem “um país inteiro atrás de si”. Dono de um boxe mais físico que técnico, Quicanga pode levar o combate até ao fim, embora se desconheça as características do seu adversário. Contudo, o KO é uma possibilidade. Quicanga, de 40 anos, vive em Portugal desde 1990 e passou por vários clubes, como o Desportivo de Algés, Boavista e FC do Porto, estando agora ao serviço do Health Club de Lisboa e tem como patrocinador o Benfica. Como pugilista profissional, Quicanga foi eleito atleta do ano em Angola em 2002, e terceiro atleta do ano em África, no mesmo ano, tendo disputado até agora 38 combates, com 15 vitórias, 20 derrotas, dois empates e um nulo.
De Adrian Cerneaga pouco ou quase nada se sabe. Ele próprio avançou um historial de 35 combates, 25 vitórias, oito derrotas e dois combates nulos. O site www.boxrec.com apresenta um palmarés do romeno de 14 combates, desde Abril de 2005, a Junho de 2011, dos quais obteve duas vitórias, por KO, 11 derrotas e 1 empate. Na conferência de imprensa de apresentação da gala Cerneaga, 35 anos, disse que vinha a Angola para vencer e que se não fosse por isso não estaria no país. A gala começa às 17h00 e tem no seu programa dois combates amadores, e outros tantos profissionais, antes do combate de destaque.
Todos os combates têm arbitragem angolana. A organização promoveu nos dias 29 e 30 uma acção de formação dirigida aos cinco árbitros escolhidos para trabalhar na gala. Foram escolhidos os árbitros internacionais José Mendonça, Álvaro Manuel, Eugénio Francisco, António Manuel e Castelo João. O angolano José Mendonça é o árbitro do combate. O promotor Carlos disse que os aspectos organizativos estão assegurados, o ringue já está montado na sala principal da cidadela, as equipas médicas mobilizadas e tudo a postos para a hora H. A gala, segundo garantias do promotor vai contar com espaços culturais animados, dentre outros por Calo Pascoal, Ary e Nagrelha.
“Quem joga em casa tem mais chances”
O pugilista profissional Simão Muanda acredita que o factor casa é um elemento que não deve ser posto de parte nas projecções sobre o combate de hoje em que Tony Quicanga e Cerneaga. O antigo campeão da zona VI desconhece as características do adversário de Quicanga, mas refere que conhece bem o estilo de jogo do Quicanga. “Quando se joga em casa, temos em regra 50 por cento do combate em nossas mãos, porque há o apoio do nosso público. O Quicanga é guerreiro, não é muito pelo jogo técnico e, como angolano, sei que vai ganhar”, comentou.
Muanda sabe e alerta para o facto de a possibilidade o KO estar sempre presente no boxe. “O Quicanga joga mais pelo físico e acho que o KO pode aparecer”. Simão Muanda ingressou no boxe em 1994, no Sporting de Cabinda, e conquistou por cinco vezes o título nacional na categoria dos 91 quilogramas. Com a mesma categoria Muanda conquistou várias vezes o título da Zona VI. Também representou Angola no Mundial da China, em 2007.
MANUEL GOMES
“Preparei o Quicanga para vencer”
O antigo campeão do mundo Manuel Gomes mostrou-se confiante numa vitória de Tony Quicanga diante do romeno Adrian Cerneaga, hoje, na gala de atribuição do título mundial dos meio-pesados da UBC. Manuel Gomes, 40 anos, orientou a preparação do seu compatriota e dá o testemunho do actual estado do pugilista. “Preparei o Quicanga para vencer. O Quicanga está demolidor, está muito bem e hoje só vamos abrir o champanhe e comemorar”, adiantou. Manuel caracterizou Quicanga como sendo fazedor de um boxe do estilo de George Foreman.
O pugilista deste estilo apresenta-se em regra com pouca mobilidade e atacando quase sempre em linha recta e com grande volume de socos. São pegadores (dão socos muito fortes), mas lentos tornam-se muito perigosos para os seus adversários. Tendem a preferir ganchos e ‘uppercuts’, raramente usando combinações. Têm tendência de puxar o braço para trás, antes de dar o soco e isto torna seus socos previsíveis e deixa-os vulneráveis aos contragolpes. Manuel Gomes é natural de Waku Kungo, Kwanza-Sul, e começou a carreira como pugilista amador no Grupo Desportivo e Recreativo da Cela na década de 80.
Em 1983, transferiu-se para o Interclube, onde conquistou 19 campeonatos nacionais de seniores dos 48 kgs, 51, 54 e 57 kgs. Além de campeão nacional, arrebatou títulos em torneios internacionais de boxe amador em Portugal, Cuba, Checoslováquia, Polónia e Itália. Em 1988, estreou-se nos Jogos Olímpicos de Seoul, na Coreia do Sul. No mesmo ano, fez a estreia no boxe profissional na versão da Associação Mundial de Boxe da Transcontinental. Como profissional, conquistou três mundiais nos super-pluma, galo e pluma na versão da Associação Mundial de Boxe da Transcontinental defendeu o seu último título mundial em 2007, na cidadela, diante de Bodan Condurage.