O Executivo de Angola vai iniciar a fusão das principais empresas de caminhos-de-ferro do país, cuja reconstrução com financiamento da China está quase concluída, tendo em vista a venda parcial do seu capital a investidores privados.
“Todas as principais linhas de caminho-de-ferro angolanas foram reconstruídas ao longo dos últimos dez anos, com milhares de quilómetros de novas vias abertas, com financiamento das linhas de crédito chinesas”, afirma a Economist Intelligence Unit no seu mais recente relatório sobre Angola.
Agora, adianta a publicação, o Executivo “planeia ceder a privados as actividades comerciais e operacionais dos caminhos-de-ferro, mantendo uma posição de controlo” numa nova empresa, a Caminhos-de-Ferro de Angola.
O Estado angolano ficará com as infra-estruturas, cabendo às empresas a exploração comercial do serviço ferroviário nas suas diversas componentes.
A nova empresa resultará da fusão da Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB), Caminho-de-Ferro de Luanda (CFL) e Caminho-de-Ferro de Moçâmedes (CFM).
A reconstrução e ampliação do CFM, com 900 quilómetros, está em fase de conclusão, após um colossal investimento.
A linha entre Namibe e Menongue, que envolveu um investimento de 200 milhões de dólares americanos ao longo de seis anos, deverá estar totalmente operacional em Abril, enquanto os 1.300 quilómetros entre o Lobito e Luau, na fronteira com a República Democrática do Congo (RDC), no norte do país, deverão abrir ao tráfego pestimadamente até ao fim do ano.
O plano de Desenvolvimento do Sistema Integrado dos Caminhos-de-Ferro, aprovado pelo Governo, prevê a ligação das três linhas existentes às redes ferroviárias dos países vizinhos, nomeadamente, RDC, Zâmbia e Namíbia.
Assim, o Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB) deve ligar-se à Zambian Railways, através de um ramal especial entre a estação de Luacano, no Moxico, e a nova linha de Lumwana, em fase de construção na Zâmbia. O Caminho-de-Ferro do Namibe vai ligar-se à linha ferroviária da Namíbia, partindo da estação do Cuvango, no norte da província da Huíla, numa extensão de 343 quilómetros, até à região de Oshikango, em território namibiano, junto à fronteira com a província angolana do Cunene.
Está ainda em estudo a construção do caminho-de-ferro do Congo, que ligará Luanda às províncias do Bengo, Uíge, Zaire e Cabinda, numa extensão de 950 quilómetros, interligando-se depois com o Chemin de Fer du Congo Ocean, no Congo Brazzaville.
Os caminhos-de-ferro são dos maiores beneficiários do investimento na reconstrução das infra-estruturas de Angola, possibilitado pelas linhas de crédito da China.
Fonte: JA