Prudência e optimismo moderado num discurso centrado nos resultados do Banco Central Europeu (BCE) no combate à crise nos últimos meses: Mario Draghi vê sinais de estabilização na zona euro, mas pede cautela em relação à perspectivas económicas, considerando ser demasiado cedo para antecipar o fim da crise.
“As pessoas dizem que sou optimista. Sou optimista de maneira relativa comparando com [a situação da moeda única] há quatro meses, mas não sou optimista de maneira absoluta, isso seria prematuro”, afirmou num discurso em Berlim num evento da Associação de Bancos Alemães, citado pela AFP.
E, num apelo a que os bancos europeus aproveitem o momento mais favorável para aumentarem a sua capacidade de resistência aos choques económicos, pediu que as instituições diminuam a distribuição de dividendos e de bónus.
Draghi insistiu que a zona euro dá “sinais de estabilização nos mercados financeiros”. Mas lembrou que os sinais da actividade económica no seu conjunto” na zona euro são ainda “frágeis”.
O líder da autoridade monetária da zona euro lembrou as medidas anticrise conduzidas pelo BCE desde o final do ano passado, associando esse clima de maior estabilização com as operações extraordinárias de cedência de liquidez aos bancos europeus. Os empréstimos concedidos a três anos em operações de refinanciamento que permitem aos bancos levantar fundos com custos mais baixos estão a dar resultados – e com efeitos directos nas pequenas e médias empresas – observou.
Draghi referia-se às às operações lançadas em Dezembro e Fevereiro, que permitiram emprestar 489 mil milhões de euros a 523 instituições financeiras numa primeira fase e, entretanto, 529 mil milhões de euros a 800 bancos.
A Bloomberg avançou, nesta segunda-feira, que o BCE não foi aos mercados secundários (onde são revendidos títulos de dívida) comprar Obrigações do Tesouro na última semana. Uma ausência que, segundo a agência financeira, é justificada com a menor necessidade de intervenção, depois da última operação de refinanciamento.
Para Draghi, cabe ao BCE, aos bancos centrais do Eurosistema, às instituições da União Europeia e aos Governos nacionais actuar para responder à crise, mas é a estes últimos a quem cabe um papel fulcral. “Se não puserem em prática as medidas correctas, os dois outros [BCE e instituições europeias] não podem fazer nada”, sustentou.
Fonte: OPUBLICO