O Exército sírio assumiu o controlo do bairro de Bab al-Amro, em Homs, o bastião da oposição que há quase um mês estava a ser bombardeado pelas forças leais a Bashar al-Assad. A retirada dos rebeldes já foi confirmada pelo Exército da Síria Livre.
Os opositores ao regime de Assad falam de uma “retirada táctica” para proteger a vida de cerca de 4000 civis que recusaram abandonar as suas casas. Nesta quinta-feira de manhã o bairro foi bombardeado pela quarta divisão do Exército sírio, comandada pelo irmão do Presidente Bashar al-Assad, Maher al-Assad, o Governo garantiu que controla totalmente a região.
Algumas forças da oposição mantêm-se no local para acompanhar a retirada. Um responsável do Exército da Síria Livre, coronel Riad Assaad, anunciou que se trata de uma “retirada táctica para proteger a vida de civis”, e também a designada Brigada dos Revolucionários de Bab al-Amro emitiu um comunicado a anunciar a retirada “devido à situação humanitária difícil”, adiantou a AFP.
O Conselho da Segurança da ONU pediu o acesso imediato à Síria de Valerie Amos, a responsável do comité de coordenação humanitária da ONU. A Rússia e a China, que já vetaram duas resoluções do Conselho de Segurança sobre a Síria, apoiaram a entrada de Amos no país.
Homs já era há muitos dias um cenário de guerra, onde a comida e a electricidade não chegam, nem qualquer organização humanitária. Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, 17 civis morreram nesta quinta-feira em resultado dos confrontos junto no bastião dos rebeldes.
A Cruz Vermelha Internacional anunciou que já teve autorização para entrar em Bab al-Amro, nesta sexta-feira. Carla Mardino, porta-voz do Comité Internacional da Cruz Vermelha, adiantou à BBC que o objectivo será levar comida, medicamentos e outros bens de primeira necessidade, para além de se proceder à evacuação de feridos. “Tememos que muitas pessoas estejam gravemente feridas. Sabemos que a situação humanitária no terreno é extremamente preocupante”, disse.
A repressão das forças de Bashar al-Assad, que já se prolonga há 11 meses, causou pelo menos 7500 mortos, segundo a ONU. O regime tem defendido que está a combater “terroristas armados”.
O Conselho Nacional Sírio, o principal grupo da oposição, anunciou a formação de um conselho militar para supervisionar a actividade dos vários grupos armados que combatem as forças leais a Governo.
Há mais de um mês que Bab al-Amro está a ser bombardeada pelas forças leais a Assad, mas o movimento de tropas terrestres em volta daquele bairro começou a intensificar no início desta semana e ontem as ruas começaram a ser tomadas.
Entretanto, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países do golfo árabe anunciaram que vão reunir-se com o homólogo russo, Serguei Lavrov, na próxima quarta-feira, em renovada tentativa para encontrar uma solução diplomática para a crise na Síria. E o enviado da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, disse que pretende visitar Damasco em breve para pressionar para o fim da violência e o acesso das organizações humanitárias.
Fonte: Publico