A via expressa que liga os municípios do Belas e Cacuaco tem registado um elevado número de acidentes, de acordo com informações apuradas por este jornal esta semana no local, onde ainda repousam alguns destroços dos sinistros.
O subinspector João Pereira, portavoz da Brigada Especial de Trânsito (BET), disse a O PAÍS que a referida estrada regista uma média diária de um a dois acidentes durante a semana.
Até Novembro do ano em curso, registaram-se naquela via 205 acidentes, entre colisões, despiste, capotamentos e atropelamentos. Dos acidentes resultaram 25 mortes por capotamento e atropelamento, assim como 68 feridos graves e 40 ligeiros.
O porta-voz da Brigada Especial de Trânsito realçou ainda que o elevado número de acidentes, mortes e feridos está também associado ao facto de aquela estrada se situar junto de áreas residenciais.
“A maior parte ocorre aos fins-desemana, sobretudo às sextas-feiras que é o dia com mais a sexta-feira é o dia que regista mais acidentes”, contou o especialista da BET.
João Pereira contou ainda que a grande causa de acidentes tem sido o excesso de velocidade e o consumo de álcool principalmente aos finsde-semana. O oficial da Polícia esclareceu que a paragem de viaturas ao longo da via sem sinalização também tem sido causadora de acidentes, aliada à imprudência dos próprios automobilistas.
“A nossa intervenção concerne em apoiar as vítimas dos acidentes e mobilizar a diminuição da velocidade.
Por isso, no período diurno utilizamos zona de contenção da sinistralidade rodoviária, que são postos fixos, cones, roulottes e outros atractivos impedindo que as viaturas passem com velocidade excessiva”, explicou o nosso interlocutor.
O porta-voz diz ainda que, às vezes, utilizam radares para chamar a atenção dos condutores. Os limites de velocidade estabelecidos para aquela zona da via expressa estão estipuladas no Código de Estrada e nas sinalizações expostas na mesma via.
Quanto às viaturas avariadas que são encontradas ao longo da via sem sinalização, João Pereira garante que é dever da sua corporação passar as referidas multas aos automobilistas.
Se constatarem que elas se encontram em estado de abandono, a Brigada Especial de Trânsito determina a sua remoção do espaço.
Além das viaturas abandonadas encontram-se ainda muitas carcaças de viaturas acidentadas ao longo da via expressa, que neste momento está a perder os seus separadores por causa da imprudência de alguns automobilistas. O nosso interlocutor contou que a sua instituição perspectiva continuar a executar um projecto que o Ministério do Interior, representado pela Brigada Especial de Trânsito, em parceria com o Ministério da Educação, definiu. Trata-se de uma campanha de prevenção rodoviária nas escolas primárias, onde as crianças transmitem uma mensagem aos pais e estes , por sua vez, cumprem com os regulamentos estabelecidos pelo Código de Estrada.
O representante da BET acredita que a iniciativa permite com que as crianças cresçam com uma mentalidade de responsabilidade, uma vez que elas serão os futuros condutores.
“Continuaremos a colaborar com os meios de comunicação de forma a transmitirem a mensagem de responsabilidade nas vias e respeito a vida humana”, garantiu.
Nesta quadra festiva, a Polícia Nacional está a apelar à prudência dos condutores, sobretudo ao nível de álcool zero, e a acatarem os regulamentos do Código de Estrada.
Entre as recomendações constam igualmente a utilização do cinto de segurança, a redução da velocidade e o não exagero na lotação dos respectivos veículos, assim como respeitar os peões dando-lhes prioridade.
João Pereira aconselha também os transeuntes a evitarem o uso de roupas escuras, principalmente no período nocturno. Segundo ele, é preferível roupas reflectoras ou claras para facilitar a vida aos automobilistas.
Automobilistas criticam
O camionista Venâncio Cassenda, que tinha o camião parado à berma da estrada por causa de um problema no tubo de escape, reconheceu o risco que ele podia representar por causa da pequena dimensão da própria via e a falta de sinalização.
Mas, o camionista contou que ele e outros motoristas encontram sérias dificuldades para circularem na via expressa, apesar de passarem frequentemente na mesma estrada.
“ As maiores dificuldades que encontramos ao conduzir nesta via são a falta de iluminação, principalmente na divisão entre Viana e Cacuaco. Como via expressa a estrada é muito estreita e tem-nos dificultado quando temos mercadorias, tanto é que há circunstâncias em que somos obrigado a descarregar as mercadorias. Esta via não tem sinais reflectores”, desabafou Venâncio Cassenda.
O mesmo automobilista criticou ainda a falta de parques para estacionar os carros por alguma inconveniência, como era o seu caso no dia em que o encontrámos com o seu camião avariado.
“Todos estes factores influenciam o aumento de acidentes aqui verificados. Os acidentes acontecem mais aos fins-de-semana e no período nocturno”, acrescentou.
Um outro automobilista, identificado apenas como “Rosi”, disse que é a falta de manutenção nas vias que faz com que muitos dos seus companheiros de estrada efectuem paragens obrigatórias durante a viagem. Acredita que são estas paragens que, muitas das vezes, causam os acidentes de que resultam danos humanos e materiais.
“ Penso que o Governo deveria ver a situação da própria via e a iluminação, que é, sem dúvida, um dos maiores causadores de acidentes”, rematou ‘Rosi’.
Fonte: O País
Foto: O País