O projecto “Mbanza Congo – Cidade a Desenterrar para Preservar” entrou na sua fase derradeira com o início das escavações arqueológicas, que permitiram já encontrar objectos líticos, como restos de cerâmica e carvão butano, que se supõe terem sido usados há milhares de anos pelos antigos habitantes da velha capital do reino do Congo.
O arqueólogo camaronês Raymond Asombang, que lidera a equipa de pesquisa, a convite da comissão coordenadora do referido projecto, explicou ao Jornal de Angola que, de acordo com a sua experiência e as características dos objectos encontrados, presume-se que os mesmos tenham sido utilizados no primeiro milénio antes de Cristo.
O professor da Universidade de Yaoundé avançou que os objectos arqueológicos achados constituem, sem sobra de dúvidas, testemunhos mudos sobre a origem e autenticidade da história da antiga capital do reino do Congo.
“O que encontrámos até agora como vestígios é uma fossa onde há muitos anos foram enterrados materiais líticos como a cerâmica e carvões que vamos lavar para saber se realmente foi trabalhado pelo homem”, afirmou, acrescentando que, em relação à cerâmica, tem um tipo decorativo semelhante a outros já encontrados noutros lugares da África. “É interessante em termos técnicos para o aprofundamento dos estudos em curso”. “Temos a experiência dos Camarões e de outros países de África Central em como esses objectos datam do primeiro milénio antes de Jesus Cristo”, disse.
Raymond Asombang acrescentou que vão ser efectuadas escavações em grande escala, para permitir a confrontação de dados no sentido de apurar se Mbanza Congo sempre foi habitada antes da fundação do reino, entre os séculos XIII e XIV, como indicam as fontes escritas existentes.
“Queremos provar que este local sempre foi habitado pelo homem. Os achados arqueológicos vão permitir-nos reescrever a história em tempo mais recuado que a presente dos reis em Mbanza Congo, porque sabemos que aqui houve população e que o rei veio de outros lugares para fundar o reino do Congo”, declarou.
O projecto “Mbanza Congo – Cidade a Desenterrar para Preservar” foi apresentado à Unesco, em 2004, pelo Executivo angolano, para a sua classificação como Património Mundial da Humanidade.
Víctor Mayala | Mbanza Congo
Fonte: Jornal de Angola
Fotografia: Adolfo Dumbo