
O presidente tunisino, Moncef Marzouki, pediu aos tunisinos uma trégua política e social de seis meses, numa entrevista dada à televisão nacional e transmitida na quarta-feira.
“Peço a todos os tunisinos uma trégua política e social de seis meses”, disse Marzouki solicitando “o fim das manifestações e greves”, num país mergulhado numa grave crise económica.
Essa trégua deve permitir às autoridades efectuar “encontros periódicos com a oposição e com as forças sindicais para encontrar soluções adequadas com vista a um regresso à estabilidade até seis meses e para a retomada da actividade económica”, afirmou. “Se continuarmos como estamos, cometemos um suicídio colectivo”, advertiu Marzouki que prestou juramento na terça-feira no Palácio Presidencial de Cartago.
O Presidente tunisino interino prometeu apresentar a sua demissão “se as coisas não se resolverem dentro de seis meses”.
Pelo sistema político adoptado provisoriamente depois da revolução, o Presidente ocupa o segundo cargo mais importante do país, depois do primeiro-ministro.
Um ano após o início das turbulências na Tunísia que provocaram a saída do Presidente Zine el-Abidine Ben Ali, a situação económica e social continua a degradar-se no país. Segundo o Banco Central, o crescimento será nulo no final deste ano, e uma alta da taxa de desemprego de mais de 18 por cento está prevista. O Congresso para a República (CPR), segunda formação política da Tunísia, apresentou ontem sete dos seus membros para o próximo governo dirigido por Hamadi Jebali, do partido islâmico Ennahda, anunciou o partido de esquerda num comunicado.
O CPR reivindica os ministérios dos Domínios do Estado, da Mulher, da Educação, da Juventude e Desportos e os cargos de secretário de Estado do Ministério da Indústria e do Ministério dos Negócios Estrangeiros, além da pasta de ministro de Estado para a Reforma Administrativa.
Os advogados e activistas dos direitos humanos, Samir Ben Amor e Mohamed Abbou, figuram na lista proposta pelo CPR, que “designou as pessoas adequadas que dispõem da competência requerida”, segundo o comunicado.
A composição do governo é objecto de negociações cerradas há algumas semanas entre os três partidos vencedores das eleições de 23 de Outubro: a Ennahda, o CPR e o Ettakatol. Vários responsáveis do partido Ennahda declararam à AFP que as pastas do Interior, da Justiça e dos Negócios Estrangeiros devem passar para a sua formação. O Ettakatol – do qual o chefe Mustapha Jaafar foi eleito presidente da Assembleia Constituinte – pode herdar os cargos da Finanças, do Turismo e Comércio, dos Assuntos Sociais, segundo fontes políticas. A lista pode ser transmitida ao Presidente da República, o antigo opositor Moncef Marzouki.
Fonte: Jornal de Angola
Fotografia: AFP