
A alegria e satisfação eram visíveis no rosto da população da vila mineira do Cafunfo, com anúncio para Dezembro da entrada em funcionamento da nova central termoeléctrica que vai beneficiar mais de 200 mil famílias, além da iluminação pública da vila e arredores.
Sebastião Muassengue, comerciante e morador no bairro Pracinha do Embondeiro, mostrou-se satisfeito com a iniciativa das autoridades, destacando as vantagens que a energia vai trazer à sua economia doméstica, tendo em conta o dinheiro que gastava na compra de combustível e manutenção do gerador.
Tudo ficou mais fácil com a inauguração da cabina de energia, perto da sua residência. “Antigamente, pagava três a cinco mil kwanzas por dia na compra de gasolina e manutenção do gerador”, disse.
Pedro Fonseca, outro morador da vila do Cafunfo I, também faz contas e não tem dúvidas de que, além de economizar dinheiro agora, a energia eléctrica vai permitir aumentar os rendimentos das pessoas que vivem de pequenos negócios.
Além disso, congratula-se com o fim do “barulho irritante” e permanente dos geradores, uma vez que os postos de transformação dos privados nem sempre satisfaziam as necessidades dos clientes. “Pagávamos valores avultados e mesmo assim havia muitas falhas no fornecimento de energia”, sublinhou.
Cecília Chibuabua, proprietária de uma cantina, acredita que com o alargamento da rede de distribuição de energia no bairro, os lucros do seu negócio vão crescer.
“Com a energia, o funcionamento da minha cantina vai ganhar outra dinâmica, além de ajudar a conservar os produtos perecíveis e hortícolas”, realçou.
Por outro lado, considera que o facto de haver iluminação urbana vai fazer o índice de criminalidade diminuir substancialmente, o que vai permitir prolongar o horário de atendimento aos clientes até à meia-noite.
Cafunfo mais iluminada
A vila de Cafunfo vai ficar melhor servida de energia eléctrica quando entrar em funcionamento em Dezembro a nova central termoeléctrica. A garantia foi dada pelo responsável da obra, aquando da visita de constatação do governador provincial, Ernesto Muangala, ao local. Kubuca Mubanga disse que a nova central termoeléctrica da vila do Cafunfo tem capacidade para alimentar oito postos de transformação de 160 KVA.
Kubuca Mubanga garantiu ao Jornal de Angola que com a entrada em funcionamento da nova central de energia e a recuperação dos antigos geradores vão beneficiar de energia eléctrica duas mil casas.
Os trabalhos contemplam a extensão da rede de média e baixa tensão, com a instalação de oito postos de transformação de 160 KVA cada, dos quais quatro estão concluídos.Os postos de transformação vão ser assegurados por dois grupos geradores, sendo um novo e outro antigo, ambos com uma capacidade de 1.000 KVA, com potência aproximada de dois megawatts e a rede de baixa e média tensão, estimada em 15 quilómetros, que vai melhorar a vida na comunidade e garantir o desenvolvimento da actividade comercial e da pequena indústria.
O responsável disse que o investimento vai permitir restabelecer a iluminação pública e domiciliária da vila mineira do Cafunfo, depois de 15 anos sem este precioso bem.
O engenheiro Kubuca Mubanga disse que neste momento estão a efectuar a mudança dos cabos obsoletos para proporcionar uma melhor distribuição de energia à vila e arredores. “Em dois meses de trabalho já foram substituídos os cabos antigos e montamos novos cabos de média tensão de transporte de energia para a vila e arredores”, disse. O responsável acrescentou que a segunda fase vai abranger a recuperação do grupo de geradores antigos, para aumentar a capacidade de distribuição e mais residências passarem a beneficiar de energia eléctrica na vila de Cafunfo e arredores.
“O fornecimento de energia eléctrica vai abranger, igualmente, as instituições públicas, como escolas, centros médicos e postos policiais”, disse Kubuca Mubanga, que adiantou que as condições estão criadas para o êxito do trabalho, dependendo apenas da administração municipal para a aquisição de alguns meios. O responsável pela montagem da nova central prometeu que tão logo cheguem os materiais a cargo da administração municipal do Cuango, até Dezembro a vila de Cafunfo vai estar completamente iluminada. “Estamos a depender da Administração municipal do Cuango na aquisição dos materiais que necessitamos”, disse.
A instalação da nova central eléctrica permitiu o emprego temporário a sete jovens, formados nas especialidades de electricidade, a partir dos centros locais de formação profissional e pavilhões de artes e ofícios existentes na província.
Ravinas estancadas
Várias ravinas que ameaçavam consumir a vila do Cafunfo e as suas principais infra-estruturas sociais estão a ser estancadas pela construtora Sete Cunha.
A obra, financiada pelo Ministério do Urbanismo e Construção em parceria com o Governo Provincial da Lunda-Norte, enquadra-se no programa de investimentos públicos e contempla a eliminação das principais ravinas.
Xavier Palmeiras, responsável pela empresa fiscalizadora, disse ao Jornal de Angola que depois da conclusão das obras de contenção de duas das seis ravinas, o trabalho vai incidir na criação de condições técnicas e humanas, para que sejam eliminados os restantes buracos, cujas dimensões são alarmantes.
“As ravinas apresentavam cerca de mil metros de comprimento e 60 de largura”, disse Xavier Palmeira. Acrescentou que a interrupção dos cursos de água, devido à concentração do lixo produzido pela população, é apontada como a principal causa da impermeabilização dos solos, que provocaram o surgimento de ravinas na vila.
O responsável pela fiscalização das obras realçou que no princípio, os trabalhos visaram a remoção do lixo, que facilitou a movimentação e compactação do terreno.
Xavier Palmeiras defendeu que, as autoridades administrativas devem encontrar melhores formas para a recolha e deposição dos resíduos sólidos produzidos naquela vila. “A falta de uma gestão racional do lixo, aliada à ausência de um aterro sanitário, poderá provocar, nos próximos tempos, o surgimento de mais ravinas na região”, receou Xavier Palmeiras, que defendeu igualmente a aquisição de equipamentos modernos para a recolha e tratamento dos resíduos sólidos, em função da quantidade com que são produzidos na localidade. “É importante que, depois de concluídas as obras de estancamento dessas ravinas, seja feito um trabalho de continuidade por parte da administração municipal, reforçando os serviços comunitários com meios para garantir o saneamento básico”, defendeu o responsável da empresa de fiscalização, notando existir um défice acentuado quanto aos projectos de preservação dos espaços verdes da vila do Cafunfo.
O responsável assegurou que está em curso na vila a construção de valas de drenagem para permitir o escoamento das águas residuais e pluviais, tendo já sido executados oito quilómetros de extensão, para atenuar os elevados índices de erosão dos solos.
Xavier Palmeiras acrescentou que, além das obras de contenção das ravinas, estão igualmente a desenvolver trabalhos de impacto ambiental, com a reposição do manto vegetal, com a plantação de árvores e criação de jardins para evitar o desgaste dos solos.
Xavier Palmeiras garantiu que está satisfeita com o nível de execução física das obras e realçou que, em apenas três meses, foram conseguidos avanços na ordem dos 65 por cento. Garantiu que, dentro de um ano, todas as ravinas que ameaçam engolir a vila do Cafunfo vão ser eliminadas.
Combate à pobreza
O governador da Lunda-Norte, Ernesto Muangala, considerou de positiva a execução das obras de impacto económico e social no âmbito do Programa Municipal Integrado de Desenvolvimento de Combate à Pobreza em curso no município do Cuango.
Durante a reunião de balanço e esclarecimento sobre os referidos programas, Ernesto Muangala referiu que houve uma execução física e financeira na ordem de 72 por cento, não obstante alguns problemas na utilização do sistema integrado de gestão financeira.
Durante a sua estadia no município do Cuango, Ernesto Muangala visitou as obras em curso como a subestação de tratamento de água, escolas, postos médicos, residências para professores e médicos, casas sociais na sede municipal e nas vilas de Loremo e Cafunfo.
Fonte: Jornal de Angola
Fotografia: Fula Martins