
O projecto de criação de redes de crianças nas escolas do primeiro ciclo foi lançado na semana finda, na sede municipal de Namacunde, província do Cunene, durante um certame promovido pelo Instituto Nacional da Criança (INAC), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
O referido projecto prevê, na sua primeira fase, um conjunto de acções a serem realizadas junto das escolas, visando exigir das instituições de ensino o cumprimento dos 11 compromissos dos direitos da criança, no sistema do ensino.
O director provincial do INAC/Cunene, António Hélder dos Santos, assegurou que um dos objectivos do projecto é estimular nas instituições de ensino, em particular no primeiro ciclo, o recurso aos instrumentos jurídicos existentes para a protecção da criança.
Segundo referiu, o Executivo está seriamente comprometido com os 11 compromissos que assinou sobre os direitos da criança e a nível da província do Cunene, a sua instituição tem aplicado com êxito o compromisso número oito, relativo à prevenção da violência contra a criança. No âmbito da aplicação daquele instrumento, a instituição traçou um programa no qual constam vários projectos, com o objectivo de, numa primeira fase, instalar grupos de crianças a nível de todas as escolas do primeiro ciclo.
Com este programa, explica António Hélder dos Santos, espera-se que os agentes aprendam a lidar com matérias ligadas aos direitos da criança, Carta africana, Convenção Internacional dos Direitos da Criança, além de assuntos relacionados com o desenvolvimento do milénio.
O responsável salientou ainda que a criação das redes escolares de crianças visa igualmente fazer com que os agentes conheçam os instrumentos jurídicos e possam aplicá-los na vida prática, a nível das escolas e da comunidade onde estiverem inseridos.
António Hélder dos Santos disse que a escolha do primeiro ciclo para a aplicação do projecto de criação de redes de criança nas escolas resulta do facto de, neste nível, haver meninos com idades até aos 17 anos, que possuem capacidade suficiente para abordar as matérias a serem transmitidas.
Funcionamento das redes escolares
Quanto ao funcionamento das redes escolares de crianças nas instituições de ensino, disse que vão trabalhar com base nos mecanismos jurídicos existentes, sendo necessária a representatividade das seis escolas do referido nível, em comunas de Namacunde.
Nos os últimos tempos, têm sido verificada uma acentuada violação dos direitos das crianças nas escolas, situação associada à violação dos menores, inclusive por familiares ou parentes, salientou.
A instalação de redes vai ser um processo contínuo, cujo objectivo é munir as crianças de conhecimentos úteis, com vista à defesa dos seus direitos e deveres, junto da escola, da comunidade e da família
O administrador municipal de Namacunde, Lúcio Ndinoiti, sublinhou que o Executivo, ciente das suas responsabilidades perante um mundo cada vez globalizado, está a dar uma atenção especial aos problemas da criança.
Atenção especial
Na sua perspectiva, a concretização do projecto de criação de redes de crianças nas escolas vai permitir que haja uma maior interacção entre criança-escola e criança-comunidade, criando um quadro de vantagens recíprocas.
Partindo deste facto, o administrador salientou que o governo e a UNICEF têm estado a promover várias acções, no sentido de contribuírem para o desenvolvimento da personalidade da criança.
Lúcio Ndinoiti aproveitou a ocasião para apelar aos representantes de escolas primárias para que se associem aos esforços empreendidos pelo Executivo, na perspectiva de criar bases para a reconstrução e desenvolvimento do país.
Participaram na iniciativa representantes das escolas do primeiro ciclo e um total de 70 crianças vindas das duas comunas do município de Namacunde.
Satisfação das crianças
Ester Candeia, de 17 anos, aluna da 9ª classe, disse estar satisfeita pela iniciativa do INAC e parceiros de promoverem o certame na província, cuja abordagem permite o encontrar de soluções para os vários problemas com que as crianças ainda se debatem.
A aluna do ensino primário disse que as crianças se têm ainda debatido com vários casos de violação dos seus direitos e daí a necessidade de se envidarem esforços para que se mude este quadro.
Aquela adolescente referiu que a localidade precisa de mais instituições do ensino secundário, para evitar que muitos alunos, depois de terminarem a 9ª classe, tenham de abandonar a zona para dar continuidade dos estudos em outras paragens da província.
Ester Candeia apelou ainda para a necessidade da formação dos professores para que o processo de ensino e aprendizagem melhore.
Dionísio David| Namacunde
Fonte: Jornal de angola
Foto: JA