
Um ano após o presidente de Cuba, Raúl Castro, ter começado a aplicar medidas que autorizaram a existência do sector privado na economia oficial, emitindo autorizações de trabalho autónomo e abertura de empresas, os pequenos negócios começaram a proliferar.Sejam cabeleireiros, massagistas, relojoeiros, costureiros, cozinheiros, fotógrafos, ou criadores de animais de estimação, os profissionais emergiram da ilegalidade ou foram obrigados a tentar a sua sorte após serem demitidos ou terem deixado o funcionalismo público atrás de melhores salários.
A intenção do regime cubano é eliminar 1,3 milhões de postos para trabalhadores públicos – aproximadamente 25 por cento do total do funcionalismo na capital, Havana – até 2015, mas não cumpriu a sua primeira meta, de demitir 500 mil funcionários até ao fim de Março.
Em Outubro, o governo autorizou 178 profissões autónomas e, no mês passado, esse número cresceu para 181. Segundo dados oficiais, nesse período, as autorizações de trabalho por conta própria duplicaram, chegando a cerca de 330 mil habitantes. “Há mais desenvolvimento. Antes eu vendia qualquer coisa pela ‘esquerda’ (como é denominado o mercado paralelo cubano), mas vivia com medo da reacção da Polícia.
A concorrência é dura, mas ganha-se algo”, contou o vendedor ambulante Félix Sánchez, no seu posto de venda de CD piratas, actividade que passou a ser legal em Cuba, desde que os produtos comercializados sejam reproduzidos de gravações digitais de artistas estrangeiros e nunca cubanos.
Além das autorizações de trabalho e abertura de negócios, o aluguer de imóveis e o crédito bancário também têm estimulado o sector privado cubano.
No mês passado, o governo baixou os impostos das empresas, que chegaram a ter de recolher ao Estado o valor igual ao total da sua folha de pagamento – quando contratavam dez pessoas ou mais – e 50 por cento de taxas sobre ganhos maiores do equivalente, em pesos cubanos, a dois mil dólares.
Fonte: Jornal de Angola
Foto: AFP