O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas formou ontem uma comissão internacional de inquérito para investigar a repressão na Síria contra manifestantes contrários ao governo, incluindo possíveis crimes contra a humanidade, apesar de objecções de alguns países.
O órgão aprovou ainda, com 33 votos a favor e quatro contra, uma resolução a pedir que as autoridades de Damasco ponham fim à violência contra opositores e coopere com investigações internacionais sobre a possibilidade da existência de crimes contra a humanidade. Os restantes países membros abstiveram-se de votar ou estavam ausentes.
A resolução, aprovada por uma minoria sem expressão, condena a repressão atribuída às autoridades da Síria e “determina” o envio de uma comissão para investigar.
A ONU estima que mais de 2.200 pessoas foram mortas desde Março por conta dos actos repressivos aos protestos antigovernamentais. O embaixador sírio na ONU em Genebra, Fayssal Hamwi, afirmou que a decisão foi um acto “cem por cento político”.
Fayssal Hamwi disse que esta resolução aprovada por uma minoria de países “confirma novamente que existe uma determinação para condenar politicamente a Síria e passar por cima de qualquer proposta pela abertura e reforma que existe no país”.
As delegações da Rússia, China e Cuba consideraram a resolução uma interferência nos assuntos internos da Síria e votaram contra o documento. O Equador também votou contra a resolução. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, considerou ontem “problemática” a incapacidade do presidente sírio, Bashar al-Assad, em respeitar as suas promessas, nomeadamente a de pôr fim à repressão militar da oposição.
“O facto de não ter respeitado a sua palavra é problemático”, declarou Ban Ki-moon, apontando o compromisso que Assad assumiu numa conversa telefónica na semana passada.
Nessa conversa com Ban Ki-moon, Bashar al-Assad tinha prometido terminar as operações das forças militares e de segurança.
A Síria vive desde meados de Março uma vaga de contestação ao regime sem precedentes e duramente reprimida pelas autoridades.
A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, afirmou ontem que a repressão já provocou cerca de 2.200 mortos.
O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas aprovou na terça-feira o projecto de declaração apresentada pela União Europeia, com o apoio dos Estados Unidos da América (EUA), para condenar a repressão do governo sírio contra os protestos civis da oposição.
Do projecto resultoua criação da comissão independente para investigar as denúncias de crimes contra a humanidade. Na altura a Rússia, Cuba, China e Equador, consideraram que a a iniciativa tinha “fins destrutivos” e buscava “desestabilização da situação”. A resolução, apresentada por EUA, União Europeia e quatro países árabes do Conselho de Segurança (Arábia Saudita, Jordânia, Qatar e Koweit), foi aprovada por 33 votos contra quatro, além de nove abstenções.
A siuação tornou-se complicada, o regime de damasco efectuou ontem várias detenções de pessoas ligadas a movimentos contra o governo.Mas, enquanto isso, os protestos continuam, forças opositoras diz não confiar nas declarações do presidente Basha, que prometeu efectuar reformas e convocar eleições para o ano que vem.
O presidente diz que o governo tem um projecto a cumprir, por isso, considerou sabotadores todos os que se opõem ao seu governo.Bashar prometeu mais abertura política.
Fonte: Jornal de Angola