O Sudão criticou ontem o relatório preliminar das Nações Unidas que indicou “possíveis violações dos direitos humanos” na região de Kordofan do Sul que, segundo a organização, “podem constituir crimes de guerra e crimes contra a humanidade”, caso forem provadas.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros sudanês, Al-Ebeid Morawah, reagiu ao documento das Nações Unidas e disse que “falar de crimes de guerra no Kordofan do Sul é parcial e não se apoia em nenhuma prova”.
Al-Ebeid Morawah acusou os sul-sudaneses de estarem na origem da violência e de terem “iniciado a guerra e atacado as instalações do governo”.
A Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou segunda-feira que foram cometidos em Junho crimes de guerra e contra a humanidade na região de Kordofan do Sul.
Um relatório preliminar da ONU revelou que “foram perpetrados na região ataques por forças de segurança sudanesas e membros ligados às forças militares do Sudão do Sul” e que testemunhas afirmaram ter visto “valas comuns a serem cavadas por soldados sudaneses para prisioneiros executados”.
Membros do Movimento Popular de Libertação do Sudão também praticaram crimes contra a humanidade, acusou o documento, que denunciou igualmente “a ocorrência de execuções extrajudiciais, de detenções arbitrárias e ilegais, desaparecimentos forçados, ataques contra civis, destruição de propriedades e bombardeios aéreos contra civis” por parte do exército sudanês em Kordofan do Sul, com um saldo de várias mortes.
O relatório indica que o exército “tomou o controlo da cidade, fechou o tráfego aéreo civil, impediu a entrada de ajuda humanitária e iniciou uma campanha de saques de casas e controlos de identidade de civis baseados na etnia e na filiação política que levaram a detenções e execuções sumárias”.
A ONU assegurou igualmente ter provas do uso de armas químicas e de casos concretos de detenções ilegais, desaparecimentos, assassinatos e ataques a jornalistas e a funcionários das Nações Unidas na região sudanesa.
A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, sublinhou que se trata “de um relatório preliminar e elaborado sob circunstâncias muito complicadas”, que “demonstra a gravidade das ocorrências em Kordofan do Sul e revela a necessidade de uma investigação independente para punir os criminosos”.
Pillay manifestou preocupação com a violência nas seis semanas posteriores à feitura do relatório.
Fonte: Jornal de Angola