O empate nulo (0-0) no reduto do Kaizer Chiefs trouxe a eliminatória aberta a Luanda, mas com o risco de qualquer igualdade com golos sentenciar o afastamento do embaixador angolano. Diante deste cenário, a equipa tem ordem para atacar, contrariamente à postura mais contemplativa adoptada na primeira “mão”.
A mudança na abordagem de jogo vai implicar a melhoria da posse de bola e qualidade do passe, principais lacunas identificadas pelo corpo técnico nesse período ainda embrionário da época, face à falta de tempo de competição. O conhecimento do campo, mesmo sem contar em pleno com o factor casa, por ser uma disputa à porta fechada, impele o 1º de Agosto a assumir a iniciativa.
Numa altura em que Dani Masunguna continua a cumprir o programa de tratamento da lesão, Bobó, o elemento com mais experiência do plantel, à semelhança do “capitão”, tem a incumbência de empurrar os colegas para frente, certos de que o ónus do jogo está do lado dos donos da casa. Daí a necessidade de apelarem à memória da campanha vitoriosa de 2018, travada apenas em Radès, Tunísia, diante do Esperance de Túnis, adversário escoltado pelo árbitro zambiano Janny Sicazwe.
Nem a possibilidade de terem de cumprir duas semanas de quarentena, em função do contacto com opositores provenientes da África do Sul, esmorece a determinação dos rubro e negros na passagem da eliminatória. Contrariamente ao habitual, até ontem ao início da tarde a indicação era de que o técnico Paulo Duarte não faria o lançamento do desafio.
O Kaizer Chiefs sabe que os serviços mínimos podem ser insuficientes para deitar por terra o favorito, que pode ter como consolação a disputa da última barreira da Taça Nelson Mandela.
O objectivo de as equipas de desfilarem na elite africana permite perspectivar uma partida renhida.
Fundador da prova há duas décadas
Clube fundador da prova, há mais de duas décadas, o 1º de Agosto decide frente ao Kaizer Chiefs da África do Sul, hoje às 16h00, no Estádio Nacional 11 de Novembro, a quarta presença na fase de grupos da Liga dos Clubes Campeões Africanos de futebol.
Quando em 1997 disputou, com mais sete equipas, a edição pioneira da competição, nada fazia prever que volvido quase um quarto de século o conjunto militar do Rio Seco estaria a competir no continente com honras de colosso. Estatuto sustentado pela campanha brilhante assinada em 2018, que culminou na disputa das meias-finais, sob a batuta do sérvio Zoran Maki.
A contratação do português Paulo Duarte, técnico respeitado em África por ter chegado às portas da decisão do título da Taça das Nações, à frente da selecção do Burkina Faso “Les Etalons”, sustenta a aposta do elenco encabeçado por Carlos Hendrick da Silva na competição mais prestigiada das Afrotaças, depois de na edição passada, com o bósnio Dragan Jovic, o “pai biológico” da hegemonia interna, o clube ter falhado a presença na segunda etapa.
O estatuto africano dos tetracampeões do Girabola esbate o atraso no andamento competitivo em relação ao adversário, que chega à grande decisão com um avanço de mais de dez jogos oficiais realizados. No entanto, tal pecha foi prontamente afastada pelo timoneiro dos rubro e negros da narrativa de justificação de um eventual insucesso.
A par da conquista do quinto troféu consecutivo do Girabola, feito exibido com exclusividade pelo arqui-rival Petro de Luanda, o êxito na Liga dos Campeões encima as prioridades competitivas da agremiação, apesar das limitações impostas pela pandemia da Covid-19, que obriga a adopção de medidas de biossegurança suplementares, uma vez a África do Sul constar dos países aos quais Angola fechou fronteiras, devido à nova variante do vírus.